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sábado, 27 de março de 2010

Escuridão


Lago escuro
sombras e cinzas
Um corpo flutuando
no ar, no rio, nos sonhos
Um vácuo desdobra meu peito
A existência e a decadência
reunidas, assistidas
A criança caída e o silêncio
O escândalo e a indecência
Flashes, fotos, fúria
Não encontro razão
Em meus livros e bíblias
em minhas cartas e tintas
Não ocorre, não socorre
apenas olha a imensidão
De sentimentos e vícios
de entimemas e ócios
Estou encurvado
espinha dorsal arqueada
perante essa sensação
vaga e fugaz
de que não há causas
e não há consequências
Cursos e decursos
são apenas a ressaca
De uma noite mal pensada
De um pesadelo em consciência
De uma morte sem óbito
Carrego esse cadáver para todo lado
Carrego essa culpa em meu colo
Cuido para que não me mate de súbito
respeitando o meu inalienável direito
a um fim gradual, frio e calculado

na dosagem cruenta de um conta-gotas