Total de visualizações de página

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Rumo ao muro


           
               Não parece, mas eu amo escrever e amo especialmente escrever para esse blog. Por uma série de fatores e fatoriais, não estive muito presente nesse começo de 2013. Não vou perder tempo com justificativas, apenas admito que a inspiração andou passando nas esquinas que este escriba não frequenta. Tudo ficou distante, volátil e indefinido. As quatro estações se misturaram, tornando-se um nevoeiro de conflitos e angústias, de frustrações e desencontros.

            Verdade que também não tenho me olhado muito no espelho e que, quando olho, enxergo uma das muitas facetas de um geminiano confuso e caótico. As datas andam me confundindo mais do que as faturas que não param de chegar. Na verdade, nada está parado, nada está em estado de carpe diem.

            Os dias, as horas e os tempos flutuam raivosamente, pregando-nos peças e formando miragens. O deserto tem sido a tônica das noites que perco diante de uma tela branca e desafiadora. Desafio esse que está me corroendo. Sangro porque não tenho descoberto para onde correr, onde me esconder. Apenas sigo em frente, tateando o fio condutor como um zumbi acéfalo.

            Não devia estar tão sem rumo, mas às vezes a viagem precisa mesmo ser feita sem GPS ou bússolas, sem agendamento ou avisos prévios. Mergulhar no mar de incertezas que se abre sob nossos pés, afogando nossas convicções nas rotas ilusões que em diversos momentos nos servem de prancha para surfarmos nas ondas que outras pessoas vislumbraram para nós.

            Mas o que é isso? Não devia ser essa uma viagem solitária e sórdida? Nem sei mais em qual viagem estou, em qual horizonte escrevo. Meus dedos parecem psicografar a mim mesmo, escrever um texto meu de um outro eu. Isso é estranho. Quando escrevo, escrevo como se fosse outro, como se fosse máscara, como se fosse uma terceirização de intelecto. Que coisa.

            Chega de divagar, chega de ir devagar. Vou acelerar rumo ao final do texto, rumo à curva interrogativa que me espreita como um abutre prevendo o acidente fatal. Vou em marcha rápida, vou a 150, vou tentar bater contra o muro de lamentações, torcendo para o impacto sacudir meus neurônios, trazendo de volta a aura criativa que perdi na alvorada.