Total de visualizações de página

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sorriso de menino




A edição da revista “Istoé”, que entrou em circulação no último dia 20, trouxe na página 70 uma matéria baseada em um estudo da antropóloga Mirian Goldenberg sobre a cultura da risada. De acordo com o levantamento da pesquisadora, os homens riem (estatisticamente falando) bem mais do que as mulheres. Além disso, as mulheres concebem que rir gratuitamente é sinal de bobagem, idiotismo e importunidade.
Pois bem, agora há pouco, por volta das 17h (hoje é dia 22), um casalzinho, ali na esquina da Av. Rio Branco com a Moraes e Castro, me fez lembrar a pesquisa da Mirian Goldenberg. Tudo porque a garota atravessava a rua enquanto o rapaz, do outro lado, a esperava fazendo uma espécie de dancinha. Algo beirando ao ridículo. A garota, toda envergonhada, pedia que ele parasse. Ele, aos risos, dançava ainda mais, deixando-a enrubescida. Eu me segurei para não disparar gargalhadas perto dos dois. Mais à frente, fiquei imaginando como o levantamento da antropóloga acertara na mosca.
Nós homens encaramos o dia-a-dia com muito mais humor do que as mulheres. Conseguimos viver comédias nas horas de drama, enquanto elas conseguem dramatizar situações hilariantes. No fundo, isso serve para lembrarmos que um pouquinho de bom humor não faz mal a ninguém. Rir é saudável e faz cócegas na alma.
Portanto, garotas, da próxima vez que os namorados surgirem com dancinhas, não fiquem ranzinzas. Sorriam e entrem no clima. Nós vamos adorar curtir uma boa piada ou um momento cômico bem acompanhados.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reflexos do eclipse

Na derrota, as cartas ocultas se revelam. No fracasso, as pessoas entendem o significado das patadas que distribuíram nos figurantes, nos retardatários, nos fracos que nunca têm vez.
No momento em que o insucesso bate à porta, algumas pessoas começam a se perguntar por que elas estão naquela situação. Aí vem o flashback a descortinar a série de humilhações e despautérios com que essa mesma pessoa tratou tantas outras.
A sandália da humildade começa a ficar mais confortável em pés que antes só se julgavam dignos dos mais altos saltos. As máscaras, enfim, desabam. O retiro, o refúgio, o exílio por conta própria trazem profundas e profanas reflexões. Será mesmo que se aprende algo nesse amargor?
Talvez sim. Depois que se destila todo ódio e veneno, uma lição há de ser legada. Talvez se aprenda que tudo na vida tem dois lados. Que a zona de conforto não é eterna. Que até o mais altivo dos homens sofreu cruelmente pela injustiça e pela desconfiança de outros homens que ele tanto auxiliou.
Enfim, talvez seja possível entender que o planeta Terra todos os dias rotaciona em torno de si mesmo.  Desse modo, às vezes se está à luz e às vezes se está à sombra. Portanto, não é desejável arruinar a biografia ou a dignidade de outras pessoas, porque isso retorna a quem disparou. Nunca deve ser esquecido que uma hora o brilho se tornará crua treva.
Com isso, volta-se à pauta original de toda relação humana: não se deve julgar com tanta tirania quando não se é capaz de obter um desempenho melhor em função análoga a de quem tanto se critica. Assim, quando chegar a vez do atirador dar as cartas, ele ao menos encontrará o mínino de clemência de quem agora é o súdito do reino.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fábrica de mentiras

Não sou Dilma (PT) nem Serra (PSDB). Mas essa pesquisa aí do link é no mínimo estranha. Primeiro porque em números percentuais praticamente diz que Dilma terá a mesma quantidade de votos do primeiro turno (impossível). Em segundo lugar, destaca-se que foi feita entre 11 e 13 de outubro, no meio de um feriado. Em outras palavras, foi feita "nas coxas", atendendo a interesses bem suspeitos. Por isso, digo e repito, não votem com base em pesquisas. São todas elas fábricas de factoides, fábricas de mentiras para influenciar o eleitor. Que cada um vote de acordo com sua consciência e ponto final.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Somos mesmo felizes?


Ser feliz é um desafio, uma meta, uma ambição. Não importa o nome que se dê. Estamos aí para sermos felizes, plenos, realizados. Quem não busca ser feliz ou não o é vive se arrastando, lamentando o que poderia ter feito ou sido.
Mas a gigantesca e assustadora verdade é que somos sim felizes. Plenamente felizes. A felicidade é o que nos move, é o que nos faz sempre buscar um novo pedacinho de vida a cada dia. Quem não é feliz não tem prazer de viver. Não luta para ter dias melhores, não batalha para ver um sorriso estampado no rosto de quem ama.
A felicidade, acredite, é aquela sensação metafísica, imaterial, que transborda de nós em momentos pequeninos e muito especiais. Pode ser nos beijos do namorado(a), no rostinho sorridente de uma linda criança, na conversa animada e sem hora pra acabar entre amigos,  na surpresa preparada por quem amamos para nos deixar radiantes. Não importa o modo. A felicidade é assim. É um sunday que saboreamos todos os dias. É aquele gostinho mágico que sentimos quando estamos perto de quem realmente sabe fazer tudo ficar diferente.
Se você ainda não acredita, basta olhar ao seu redor. Você consegue mesmo dizer que as pessoas que lhe são próximas não trazem a sensação de felicidade? Será mesmo que seus pais, irmãos, amigo(a)s e namorado(a)s não melhoram seu dia? Ele(a)s, com singelas e expressivas atitudes, não são capazes de lhe arrancar um sorriso espontâneo?
Pense bem. Veja se isso não faz realmente sentido. Acredite, você é muito feliz. Todos nós somos. Afinal, todos acordamos sempre imaginando que um ótimo dia nos espera, um ótimo dia, que fica ainda melhor, quando nos aproximamos de quem é verdadeiramente importante.

domingo, 10 de outubro de 2010

Só hoje à noite


Sempre perco você
Você me escapa
entre dedos e mãos
entre desejos insanos
Você vai embora
me deixa de luto
em luta, lágrimas, escuridão
Sempre perco você
na saída dos dias
no fim das noites
na chegada do amor
na decepção do adeus
Sempre perco você
nas histórias que escrevo
nas músicas que canto
nessa vida que eu vivo
Eu perco você
mas hoje à noite
Hoje vai ser diferente
Hoje vai ser outro dia
Hoje à noite
tudo vai rolar
do sertão nascerá mar
no deserto a água reinará
tudo vai rolar
vou te beijar, te abraçar
nossas mãos se encaixarão
com fúria e paixão
com sabor e desgosto
Vou trazer um furacão
para sua noite sem final
Mas vai ser só hoje
Hoje eu não vou te perder
não antes do amanhecer
Hoje a noite vai ser minha
na minha cama
do meu jeito
e com você no meio
Hoje à noite
Você vai implorar
Você vai se arrastar
e eu vou dizer não
mas só quando o dia clarear
Hoje à noite
Só hoje
Você vai sentir
vai ser feliz
vai delirar no ato
contorcer-se em prazer e pecado
Você vai me pedir mais
Só hoje à noite
Eu não vou te perder
não hoje à noite
Você vai se perder
vai achar caminhos
iludir-se em labirintos
e acabar no descaminho
Hoje à noite
Você vai entender
quanto vale um homem
com coração, corpo, casco
Você vai entender
quanto vale um homem
no êxtase de seu predicado
Só hoje à noite
Você vai mergulhar em rios
flutuar pelos leitos andinos
e me entregar seu destino
vai ser inteira e só
Só hoje à noite
Você vai se apaixonar
e dizer que me ama
Só hoje à noite
Eu vou sorrir
e deixar você no ar
Só hoje à noite.

No reino da falsidade


Entusiasta do aborto, Dilma (PT) agora é uma mulher a favor da vida e do respeito aos valores religiosos. Devoto das privatizações e do desenvolvimentismo a qualquer preço, José Serra (PSDB) converteu-se em um homem social e ambientalmente responsável.
A ladainha eleitoral está alcançando seus píncaros no segundo turno. São mentiras e factoides crescendo como erva daninha em sites, jornais, revistas e TV. É um momento em que o jornalismo se traduz como um arauto da falsidade e das meias verdades. Todo tipo de bobagem, de informações manipuladas, são divulgados. É um container de dados distorcidos que assaltam nossos veículos.
Ninguém está a salvo. O jogo político se tornou um vale-tudo de acusações e golpes ilegais. Candidatos mudam de projeto, de discurso, de perfil com uma desfaçatez que espanta até quem já é do ramo. São mentirosos profissionais, contumazes.
Diante disso, escolher um dos lados é um exercício sobrenatural. Todos assumem o que nunca fizeram e escondem o que sempre praticaram. Todos são angelicais e estão em carne para o caminho da beatificação.
Portanto, é muito importante estudar o passado, enxergar o presente e imaginar o futuro. Com certeza, a biografia dos candidatos, o histórico político-partidário diz muito mais do que a retórica esfarrapada que se vê na mídia.
Com essa prática, cada um terá a oportunidade de escolher seu preferido e hipotecar seu voto. Mas, não se esqueçam, na arte de relativizar a verdade, o Brasil estará bem servido. Não importa quem vença.