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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O padrão



Eu não inventei o padrão. Muito menos me encaixo nele ou ali encontro as respostas de que preciso. Então qual a razão dos padrões e das regras tão rígidas? Quem sai ganhando com isso? Eu fico, mesmo, com a impressão de que o padrão foi criado para dar vantagem a quem o criou, agindo à margem dele em benefício próprio. Nesse caso, nossos deputados e senadores já exemplificam tudo isso, porque eles legislam e lucram fortunas subvertendo o que eles próprios estabeleceram. Parece contraditório, e é. Muitas vezes, quem inventa a regra ou quem a defende com tamanho afinco é justamente quem tem algo a ganhar para além dela. Não estou dizendo que as normas e padrões devam ser lançados às favas, entornando em todos nós uma atmosfera de anarquia e caos. Não é assim que funciona. Precisamos de referências e de parâmetros. Mas a questão é: quais referências e quais parâmetros? E quem as decide? Não questionamos a existência as regra e sim quais delas devem realmente ser estabelecidas. Em um mundo onde se vive uma inversão brutal de valores, é necessário interpelar a intenção e os interesses de quem delimita o que é lei e o que não é. É preciso enxergar que a regra não deve favorecer A ou B e sim beneficiar toda a sociedade. Agora, com isso em mente, se pergunte com verdade nos olhos: são todas as leis que realmente beneficiam a todos? Se a resposta for não, então reflita sobre o seguimento fiel a elas e depois, se for caso, batalhe para mudá-las. Decisões erradas e fortuitas não podem, para sempre, prejudicar a maioria de nós. Vamos à luta e vamos em frente.

A grande mágica



Amor vende-se em dose? Então quero mais, quero até a última dose, overdose. Amor vende-se em caixas ou pílulas? Que bom seria ter a cura de todos os males comprimida em cápsula. Que bom seria desembalar o sentimento, tirá-lo da caixa, vivê-lo por completo. Eu bem que gostaria de vender amor, ser o mercador do bem, o dono do armazém de esperanças. Mas não sou nem posso ser. Não vendo sentimentos nem pessoas, mas posso exportar otimismo, fazer crer que a vida é um poço sem abismo. Posso servir uma dose de amor? Não, não rola, mas posso convidar você a se abrir com entusiasmo para o dia, a deixar rolar os sentimentos, os abraços e, assim como quem não quer nada, esbarrar naquilo que pode ser a grande mágica que não se acha nas caixas nem nas cápsulas.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Obstinação



É para ter coragem, garra e atino
Viver não é descer para o playground
E sim encarar cada desafio, cada descaminho
As coisas quase nunca serão fáceis ou suaves
Aprender, crescer e empreender requer obstáculos
Somos como pipa que as crianças soltam pelos ares
Subimos nunca a favor, mas sempre contra o vento
E não venha reclamar, inventar contratempo
Desculpas foram criadas pelos preguiçosos e ociosos
Quem é de fazer, pega, faz e esquece o que foi empecilho
Eu sei, à vezes complica, às vezes sufoca
A vida é assim: um tanto misteriosa, um tanto provocativa
A resposta nossa é que precisa ser firme e consistente
Diga sempre sim ao desenvolvimento e ao trabalho
Diga sempre sim quando o impossível for uma certeza
Quando chegamos ao alto da montanha, já ofegantes
É que olhamos para baixo e entendemos
A subida não era assim tão irresistível
Nosso medo é que impôs a maior dificuldade
E nossa obstinação é que transformou a conquista em realidade

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Meu infinito

Beijo meu, beijo seu
Uma união de lábios sedosos
Que sela nossos destinos libidinosos
Quando sua boca encontra meu corpo
Quando minha língua percorre seu escopo
Eu me sinto livre, eu me sinto solto
Solto para amar e voar
Solto para existir e participar
Desse nosso jogo misterioso
Dessa nossa fantasia colorida
Estar em seus braços é meu melhor lado
Que dele eu nunca mais me liberte
Que desse enlace se crie o eu equilibrado
Onde tanto me multiplico e me divido
Para, enfim, ter você como infinito

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Palavras



As palavras são companheiras aladas
Criaturas cósmicas que nos visitam o pensamento
De tempo em tempo, a todo o momento
Palavras são sentimentos engasgados em letras
São símbolos que carregam muito mais do que significado
Palavras são melodia, metáfora, sinergia
São duendes que nos traem em nossa tirania
Mas que também nos salvam em noites de agonia
Palavras são mágicas, são confetes, são contagiantes
Se você saca da alma uma palavra de bem e de edificação
Todos ao seu lado estarão em harmonia, trabalhando
Mas se você pega uma que não seja de benevolência
Aí verá o ambiente ser tomado pela pesada e sonora turbulência
Então não esqueça: palavras não são armas, não são facas
Elas só ferem quem lhes dá pleno ouvido
E só são letais nas mãos de quem ainda nem sabe soletrar



quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Triste sinfonia


Questiono à triste e ingrata sinfonia
Que é viver exilado de seus abraços e afagos
Como faço para merecer seu sobreaviso?
Para ter de você mais do que um olhar lascivo e perdido?
Estou certo de que a solidão me ronda
Como besta-fera a rosnar e perseguir
Quem dela não se afasta quase de imediato
Mas meus sentimentos me tornam perigosamente tolo
Me dotam de uma coragem antes não existida
E fico aqui, encarando o perigo e procurando seu abrigo
Tudo em vão, você me sorri e se vai furtivamente
Entre outros braços, mergulhada em outro sorriso
A melancolia me abate e me destrona
E agora só me resta soluçar como criança contrariada
E me guardar na esperança de que um novo coração
Estará em meu desatinado destino, como se fosse chão

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Como se fosse fim


Minha paz é você, seu sorriso
Entre tantas belezas, meu colírio
Uma criação linda e divina
Que tenha para chamar de minha
Posso ser ambicioso por querer você
Mas qual homem também não quereria?
Qual homem seria capaz de lhe largar a mercê?
Se eu não fizesse algo, eu não mereceria
Ter seus olhos juntos aos meus
E sua respiração me encarando, como se fosse um adeus
Se fosse para ser mais um, mais uma noite esquecida
Eu asseguro que não mais me importaria
Mas me importo porque você é luz para quem está de guarida
Você é sossego para quem de amor, para quem vê desespero
Eu tenho a serenidade de olhar e sentir você em mim
E a certeza de que entre todas as coisas do mundo inteiro
Você é aquela que me traduz melhor, como se fosse um fim 

Alento



Às vezes, quando o pensamento soma,
O ato se assombra e deixa de existir
Por isso, pense bem, mas não tanto
O quanto se pensa não se sustenta
Na necessidade do mundo real
Seja racional, mas também seja ágil
Afinal de contas, você é mesmo humano?
Ou só mais um entre tantos?
Você é mesmo feito de carbono?
Ou só mesmo mais um mero engano?
A resposta será seu juízo final
Porque das ações nascem o imperal
Daquilo que vivemos e sofremos
E sofremos porque ou agimos rápido
Quase um baleio desavisado, a esmo
Ou retardamos tanto e por tanto tempo
O que nos deriva à felicidade de um alento

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Indigna nação


O descaso acabou com a História
Não foi o fogo quem destruiu o museu
Mas sim a incompetência e a desonra
De quem golpeou o país em troca de nada
Agora só resta lamentar, soluçar
Por tudo que se foi, por tudo que ficou para trás
Como respeitar um país que não respeita a si mesmo?
Como respeitar o juízo tão penoso com alguns?
E tão leviano com outros, entre eles misóginos e bandidos assumidos?
O museu destruído, devastado, reduzido a pó
Nada mais é do que uma triste e irônica metáfora
Dos tempos que vivemos hoje, do país que habitamos
Onde regras valem só para um lado
Onde o ódio e a intransigência
Tomam conta das instituições e das agências
E eles, com os rostos impávidos e lívidos,
Ainda acreditam mesmo que não tem nada com isso
Que é só uma mera e singela coincidência
Um país que se vende aos interesses de poucos
Sempre acaba assim, desse jeito
Com sua história entre escombros e cinzas
Com trajetória rompida por bastardos inglórios
É para revoltar a qualquer um, é indignação
Ter de aturar essa gente no comando
Nos transformando em indigna nação.