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quinta-feira, 31 de maio de 2012

A grande família


Torcer por uma equipe de futebol é como integrar uma grande família. Passa-se a integrar o grupo formado não só pelos torcedores de um único time, mas sim por todos os torcedores, por todos que acompanham e respiram o esporte bretão.

Dessa forma, torcer para o Botafogo (entreguei, agora, né?) não significa apenas estar em sintonia com os botafoguenses, mas também com tricolores, vascaínos e flamenguistas. Quando um dos quatro gigantes do Rio joga, os torcedores dos rivais diretos também param para ver, só que para "secar", ou seja, cruzar os dedos pela derrota do "inimigo de quintal".

Esse é um dos momentos mais saborosos e folclóricos do ato de torcer. Ver a equipe rival se afundar enche um "secador" de júbilo e êxtase. Mal termina a partida, e lá vai ele disparar ligações e zoações via redes sociais para os amigos que torcem pelo time derrotado. É uma festa de esculhambações e bullying.

Não à toa que meu irmão Davi, certa vez, me disse não achar graça nos jogos de Copa do Mundo, pois não haveria a quem sacanear depois dos jogos. Bom, essa sensação provocada pela seleção da CBF remete mais a um sentimento tribo-nacionalista que todos nós carregamos. Esse delicado assunto merece um texto à parte. Voltando ao meu irmão, faz mesmo sentido o que ele diz. Futebol sem zoação é como churrasco sem cerveja. É legal, mas fica com aquela impressão de que falta alguma coisa.

Portanto, caímos naquela velha dialética: não existe antiflameguista sem o Flamengo, mas também o Flamengo, na forma como o conhecemos, não existiria sem a legião de secadores oficiais do Urubu. Trata-se, enfim, de uma roda gigante que nunca para de girar, pois é movida por paixões e furores, unindo inimigos e separando amigos, promovendo uma redefinição de valores que só é mesmo possível através do esporte.

Assim, estamos todos nós torcedores casados uns com os outros, constituindo uma bela e grande família. Flamenguistas, tricolores, botafoguenses, vascaínos, cruzeirenses, atleticanos, colorados, gremistas, corintianos, palmeirenses, santistas, são-paulinos, etc: todos já subiram ao altar e disseram um eloquente sim, mesmo que ainda não saibam ou não reconheçam. Que sejamos felizes para todo o sempre.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Batida de frente


Esse texto vai ser breve e direto. Essa batida de frente entre Lula e Gilmar Mendes tem tudo para ser mais um factoide na tentativa de aliviar o torniquete em torno do pescoço de gente envolvida com o bicheiro das quedas d´água.

Vamos aos protagonistas. Lula e Gilmar Mendes não são entes políticos e institucionais que agregam valor e orgulho a nação alguma.

O petista é a encarnação do "jeitinho brasileiro" e da maneira enviesada de se conduzir o método político, amparado no facilitarismo e em arranjos nada republicanos, já Mendes representa a truculência e o autoritarismo típicos de quem ocupa uma posição de destaque no cenário nacional, é o típico sujeito que falaria a quem o perturba "Você sabe com quem está falando?".

Dessa maneira, não tenho razões para confiar em nenhum dos dois. Simbolizam o extremo de lados antagônicos que não primam pela democracia e patriotismo. Por isso, só posso dizer sobre todo esse blá-blá-blá bancado pela "Veja" (Se você acredita nessa revista, parabéns. No final do ano, aparecerá um presentinho na sua árvore de Natal e, na Páscoa, um coelhinho saltitante o brindará com ovos de chocolate): todos estão mentindo até que se prove o contrário.

Como foi Gilmar Mendes quem levantou a bola, cabe a ele provar o que diz. Ou será que existe uma lei dizendo que palavra de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) é verdade absoluta, enjaulando-se quaisquer disposições em contrário? Até onde sei, não é.

Portanto, que a "grande mídia", PIG para os íntimos, pare de recrutar seus agentes para espalhar falácias. Isso só pode ser desespero de quem teme a poeira que será levantada no rastro dessa Cachoeira de escândalos que não param de surgir.

Obs: Chamar o PIG de PIG não diz nada sobre mim. Faço porque é divertido e irrita muita gente pretensiosa. Não sou defensor das “esquerdas oprimidas”, mas também reconheço que existe sim uma ação orquestrada de grupos de comunicação orientada sempre para influenciar os rumos do poder de acordo com seus interesses espúrios e perniciosos.

Imprensa partidária



Como já escrevi nesse espaço (vejam nesse post aqui => http://www.blogdodanwinchester.blogspot.com.br/2010/09/os-dois-lados-da-moeda.html), a imprensa não é, nunca foi nem será imparcial. Jornais, revistas, sites, programas de rádio e TV, todos atendem unicamente aos interesses e princípios editoriais de seus proprietários. Não por acaso, os blogs explodiram com um furor implacável, pois nesse canal anônimos e excluídos ganharam vez e voz, ganharam o direito de arranhar os cascos do poder.

A afirmação do primeiro parágrafo é redundante, eu sei. No entanto, é extremamente necessária em um cenário em que as máscaras caem e as garras surgem. A chamada "grande mídia", conhecida também por alguns como PIG (Partido da Imprensa Golpista), mais uma vez tomou partido (com trocadilho, por favor), pendendo para o lado dos inimigos do petismo e do trabalhismo. Vimos isso acontecer em 1989 e o resultado foi o desastre que hoje atende pela condição de senador da República.

Ressalto que não sou mais adepto do esquerdismo absoluto. Em um país complicado como o Brasil, sou favorável às alas que mais apresentam soluções para nossos problemas e dilemas. Todavia, é repugnante assistir a um espetáculo em que uma ala da imprensa toma deliberadamente posição, sem assumi-la. Se pendeu pela lateral, então bata no peito e assuma. Diga que é tucana, petista, corporativista, oficialista ou seja lá o que for.

Não dá é para aceitar uma publicação rogar-se o rótulo de imparcial e independente, enquanto seu conteúdo é chafurdado por textos e matérias altamente tendenciosos e direcionados.

Sabemos que no Brasil não se lê, que no Brasil a notícia precisa ser produzida, analisada, mastigada e engolida, antes de chegar até o público-alvo, formado por pessoas preguiçosas e desprovidas de senso crítico (exceções sempre existem, mas nesse caso apenas para confirmar a regra). Ainda assim, a "grande mídia" não pode tratar seus receptores como amebas e moluscos. É inadmissível tal comportamento.

E digo mais. É melhor todos os veículos, eu disse todos, saírem de cima desse muro noticioso. Chegará o dia em que as pessoas serão mais conscientes e saberão derrubar esse muro, tal qual os alemães fizeram com o de Berlim. Nessa hora, será tarde demais para separar o joio do trigo, restando a crueldade da guilhotina urdida pela "tuba ensandecida" a degolar reis e ratos.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A quem interessar

Destinatário: A quem interessa
Remetente: Daniel Macário de Oliveira




 Tenho nome e sobrenome. Nasci e me criei nas ruas e nos desencontros de Juiz de Fora. Valores pessoais e intransferíveis como honra, gratidão, esforço, mérito e amor são o meu motor, a justificativa única de todas as minhas atitudes.

Não me envergonho do que fiz, mas do que não fiz. Intimidações não funcionam porque a vida me ensinou a lutar, a cair e levantar, a dar cara a bater em todas as horas. Dessa maneira, nada temo, a não ser a Justiça Divina.


Os tropeços me ensinam onde posso e onde não posso me escorar. Serei eternamente grato às mãos que se estenderam em meu apoio. Jamais seria capaz de participar de complôs ou de esquemas criminosos baseados no anonimato covarde e descaracterizado. Não foi assim que me construí e não será essa a minha reputação. Afirmações em contrário são mentirosas e produtos da mais hedionda falta de conhecimento sobre minha personalidade.


Não foi essa a escola em que me graduei. Eu e os meus partilhamos de valores que a bajulação e o puxa-saquismo gratuito não são capazes de alcançar. Valorizamos o mérito impessoal, a promoção por serviço prestado e missão cumprida. Só assim se conquista nosso respeito.


Somos incapazes mesmo de compreender quais atalhos levam quem não merece a destinos tão elevados. Não importa. Dizem na popular sabedoria que “quanto mais alto, maior o tombo (sic)”. Não torcemos pelo tombo, mas entendemos que ele é, às vezes, inevitável e doloroso.


Vivendo em uma sociedade que preconiza a democracia e o pluralismo, aprendemos a valorizar a consciência e o respeito à opinião alheia. Entendemos que certas palavras são fruto da saudável cultura brasileira que privilegia a interação lúdica e harmoniosa, que privilegia o ambiente de camaradagem e o exercício de autoconhecimento através do que os outros dizem sobre nós de maneira informal e sem rodeios.


Não entendem tal situação aqueles que estão mal acostumados a subserviência, a uma ditadura de vaidades que não encontra resistência pela imposição de medos contextuais. No entanto, nada durará para sempre. A História nos prova: os ditadores caem e os fracos de caráter não têm vez. Assim, o destino de muitos já está escrito. Serão enterrados junto a seus castelos de areia e exércitos de formigas.


Eu e os meus seguiremos em frente. A vida é muito mais ampla e desafiadora do que alguns supõem. Existe um mundo imenso e extenso lá fora. Platão já ensinou o caminho para sair da caverna; uma pena faltar a tantos coragem para encontrá-lo


segunda-feira, 21 de maio de 2012

É teeeetraaaaaa




Foi um jogaço. Viu-se em campo todas as nuances emocionantes de uma partida de futebol, tudo aquilo que torna esse esporte mágico e irresistível. De um lado, uma potência tradicional, dona de quatros canecos da Champions League e de tudo que há de mais emblemático no futebol alemão. Do outro, um rival inglês que, embora tradicional, quase faliu, sendo salvo pelos investimentos de um bilionário russo cuja riqueza é de origem misteriosa. Enfim, uma equipe montada por jogadores de todos os matizes, credos e cores. Um time multinacional, mas sem identidade, sem vínculo territorial com a representação pela qual trabalha (salvo os xerifes John Terry e Frank Lampard).

Podia-se definir esse jogo envolvendo Chelsea e Bayern como um duelo de Davi e Golias. Os ingleses, nanicos e sem vergonha do feio "futebol de resultados", contra um gigante germânico que eliminou o Real Madrid jogando de igual para igual, com atletas talentosos e velozes (ou alguém ousaria disputar uma prova de 100 metros contra Robben ou Riberry?).

Lançada a sorte e todo o favoritismo para o lado alemão, a partida revelou mesmo que a lógica estava certa. Dominante e jogando em seu território, o Bayern de Munique encurralou o Chelsea. Criou muitas chances de gol, mas esbarrou nas atuações seguras de David Luiz e Cahill. Petr Cech também esteve irrepreensível. Demonstrou todo o futebol que possui, mas uma pena que esse só surja quando o goleirão está feliz com o treinador da equipe.

No entanto, com tamanho volume de jogo, o gol alemão acabou saindo no final da partida. David Luiz e Ashley Cole se confundiram na marcação e Müller irrompeu sozinho, na pequena área, para fulminar o barbante londrino. Tudo bem, a cabeçada foi na direção do solo, mas com tanta força que a bola explodiu na grama e depois subiu veloz para o fundo do gol. Sem misericórdia para Cech. Era o gol do título. Era.

Com poucos minutos em campo, Fernando Torres descolou um escanteio providencial. Seu compatriota Mata bateu e lá estava o marrento Drogba para sacudir o rabo de cavalo e deixar tudo igual. Gol injusto, água quente no chope bávaro. Mais uma zombaria do futebol para cima da lógica, da matemática e da razão numérica.

Na prorrogação, Drogba passou de Jesus para Judas. Pênalti desastroso em Riberry. Robben, amigo do peito de Felipe Melo, bateu e... e Cech defendeu. Defesa impossível nos tempos de Felipão e Villas-Boas à frente dos blues. Com a chance desperdiçada, faltou ânimo para o Bayern chegar ao título. Já o Chelsea se arrastou como pôde até a decisão por penalidades. Era tudo ou nada.

E foi tudo. Para os londrinos. Com pontaria calibrada e um Petr Cech voador, os azarões levantaram a taça. Com direito a Drogba encerrando as cobranças cheio de estilo, deslocando o excelente Neuer. Palmas para os comandados do técnico interino Roberto Di Matteo. Foi um título conquistado na raça, na garra, no suor e nas lágrimas. Foi merecido.

Olhando bem de perto, deu até mesmo para enxergar o DNA da seleção brasileira de 94. A feiura de resultados deveria ter sido patenteada por Parreira. Drogba foi o Romário desse Chelsea. Cech, pelo gigantismo nos pênaltis, lembrou muito bem o Taffarel. Além do êxito e do método, pode-se enxergar outra semelhança entre os times: a ambição dos jogadores. Da mesma forma como Parreira pouco influiu para o triunfo na Copa de 94, Di Matteo foi apenas um tapa-buraco, sendo a Champions League um produto muito mais dos atletas do que se seu treinador.

E se muito dessa final de Champions me lembrou a final de 94, pelo menos, dessa vez, pudemos escapar dos berros escandalosos do Galvão Bueno. Deus abençoe a TV por assinatura e a internet. Valeu a pena se render à tecnologia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Assanhada ou safada?

Quem nunca conheceu uma menina que era cheia de marra, que prometia mundos e fundos entre quatro paredes, mas que, na hora H e no ponto G, acabou se provando uma fraude? Pois é, amigos. Todos nós já provamos desse veneno.


No entanto, quem também nunca se deparou com aquela garota com cara e discurso de santinha, revelando-se um furacão na intimidade dos prazeres? É uma surpresa muito boa quando isso acontece, não é mesmo?


O problema é que esse comportamento das garotas, repleto de reviravoltas, confunde a lógica masculina. Homem é tão simples: sim é sim, não é não e talvez é um meio termo entre afirmação e negação. Já para as mulheres, dependendo do dia, de quem e da TPM, pode ser que sim seja sim, que sim seja talvez, que sim seja não, que não seja sim, que não seja talvez, que não seja não mesmo, que talvez seja sim, que talvez seja talvez propriamente dito e que talvez seja um agudo e sonoro não.


É muito difícil entender essas doces criaturas. Elas bem que poderiam vir com manual de instruções ou algo do tipo. 


Tudo bem, amigos. Estou aqui para ajudar. Embora não devesse, vou contar um pequeno segredo sobre elas. Mulheres, ao contrário dos homens, não são todas iguais.


Existe, só para começo de conversa, a singela e cafajeste distinção entre mulher assanhada e mulher safada. Claro que existem outras. Por exemplo, diferença entre mulher arrumada e desarrumada (sim, girls, homens não veem as mulheres como bonitas ou feias, eles as veem como “pegáveis” e “não pegáveis”, mudando a classificação de acordo com o avanço ou a regressão do potencial de embarangento de cada uma. Isso vai ser detalhado com mais profundidade em um futuro texto).


Bom, mas vamos nos limitar às assanhadas e às safadas. Por enquanto, é isso que nos interessa. Dando olhada lá nos dois primeiros parágrafos vocês podem perceber a diferença. A assanhada é a do primeiro parágrafo, é a famosa propaganda enganosa, pois promete muito e, na hora de entregar o produto, cadê a qualidade? PROCON nelas. No segundo parágrafo, está a safada. Muito bom, pois parece aquele produto de quinta que se compra na promoção ou queima de estoque que acaba se mostrando surpreendente no teste de consumo. São essas que seguram o cliente e promovem a fidelização à marca.


Vejam que essa separação entre safadas e assanhadas não é tão radical, pois essas categorias não são excludentes entre si. Isso significa que uma garota pode ser safada e assanha ao mesmo tempo (pacote trend completo). São essas as famosas “ladras” de namorados e maridos alheios, pois, como são boas de serviço, acabam ganhando a preferência do mercado.


Querem uma prova? Olhem a história da Bruna Surfistinha. O que levaria um cara a trocar um casamento estável e bem sucedido por uma prostituta de luxo? Bingo, o extreme combo (assanhada + safada + bissexual, nas palavras da própria aventureira das ondas sexuais).


Então, se pudéssemos colocar as garotas em uma escala de preferência, seria algo mais ou menos assim: Assanhadas-safadas (campeãs de votos), só safadas (honrosa segunda colocação) e só assanhadas (lanterninhas do ranking, com direito a vaias da arquibancada).


Agora que conhecemos melhor as mulheres, mãos à obra. É fácil como dois mais dois: fujam das assanhadas (quando a esmola é milionária, o santo tem de abrir olho), provoquem e incitem as safadas (mulher quando é muito inibida e inexperiente, só precisa de um empurrãozinho para sair do ponto morto) e valorizem cada momento com as assanhadas-safadas (afinal, são elas que garantem a goleada do time da casa e rendem aquelas historinhas de mesa de bar tão amadas por nós, gorilas e ogros de plantão).

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Entre tapas e beijos

Não é novidade eu dizer que não vejo TV. Como todos sabemos, nada de rico ou construtivo pode ser encontrado nas ondas que invadem nossas antenas. Se ligo a televisão, é para ver futebol e olhe lá.
Bem, por não sintonizar meu televisor, acabei perdendo a briga de cachorro grande que marcou o último episódio da edição brasileira do reality show “The Ultimate Fighter”.
Tudo bem, não tem problema. A internet está aí para salvar a humanidade em situações assim. Dessa forma, lá fui eu ao computador com a missão de acompanhar o desdobramento do episódio em que Vítor Belfort e Wanderlei Silva, lutadores de MMA e treinadores de dois times rivais no programa, entram em violenta rota de colisão, chegando quase às vias de fato.
 A razão da discórdia é bem discutível: Belfort, seguindo as regras do jogo, escolhe os lutadores que devem se enfrentar em um dos combates promovidos pela atração, sendo um de sua equipe e outro da de Wanderlei. A celeuma se dá pelo vínculo de amizade entre os dois atletas selecionados, que já treinaram e moraram juntos.
Wanderlei fica possesso com a escolha de Vítor, pois considera que amigos não devem lutar entre si, a não ser na luta final do programa ou em alguma circunstância inevitável.
Por seu turno, Vítor Belfort defende a ideia de que lutadores profissionais devem colocar as questões esportivas acima das pessoais. 
Que dilema. Os dois argumentos são válidos. O MMA é um esporte violento, de golpes que machucam e ferem. Amigos de verdade não se espancam, não saem no tapa como se isso não significasse nada para ambos.
Por outro lado, no esporte, o que vem em primeiro lugar é a disputa, a concorrência. Um lutador não pode deixar de evoluir na carreira, caso esteja em uma categoria em que existem muitos amigos e companheiros de treino. Ele deve sempre lutar visando ao cinturão, às glórias máximas que podem ser conquistadas.
O cume dessa questão emblemática do MMA foi a recente luta pelo título dos meio-pesados do UFC entre John Jones e Rashad Evans. Evans, ex-campeão da categoria, treinava com Jones e sempre alegava que jamais enfrentaria o amigo. O problema foi a rápida ascensão de Jones na mesma divisão. Questionado sobre a possibilidade de enfrentar Evans para chegar ao título, o rapaz não titubeou: afirmou que encarava o amigo sem problemas. Resultado: a amizade ruiu e os dois se enfrentaram em um combate cheio de tensões e mágoas mal resolvidas.
Jones claramente travou seu jogo, respeitou Evans como não fez com os adversários anteriores, a quem tratorizou sem dó nem piedade. Em suma, a luta entre os dois foi bem aquém do esperado porque havia muita carga emocional em jogo. Jones ganhou, mas nem de longe convenceu, nem de longe demonstrou que estava mesmo a fim de esmurrar seu ex-parceiro de treinos.
Com isso, eu posso dizer que, em casos assim, vale o bom senso. Lutador que não enfrenta amigo deve deixar isso bem claro desde o início da carreira, batendo o pé e impondo seu ponto de vista. E, como o próprio esporte exige, tem de ser muito macho para suportar as pressões contrárias.
Já quem não vê problemas em encarar parceiros de treino e amigos, pode, então, calçar as luvas e subir no octógono para estapear os colegas.
É um brutal esforço psicológico. Eu mesmo não conseguiria descer a marreta em um amigo. Mas, eles, que são lutadores, que se entendam e se matem. Um dos dois sairá vencedor (ou não).

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Melhores momentos


“... E se a TV estiver fora do ar quando passarem os melhores momentos da sua vida? ...”


    Essa frase faz parte da linda letra da música “Parabólica”, assinada pelo genial Humberto Gessinger. Pode parecer exagero (alguns acham mesmo que o é), mas sempre digo que esse cara seria cultuado como um beatle se tivesse composto suas letras em inglês.

   Não, não é um defeito ele ter escrito em português, o erro é nossa língua não ter o prestígio internacional que merece. Espero que a ascensão geopolítica do Brasil possa ajudar a mudar um pouco esse cenário.

   Todavia, devo me ater ao assunto que originou esse texto: os melhores momentos de nossas vidas.

    Muitos já vieram e muitos ainda virão, mas, do traslado passado-presente, o que já pode ser catapultado à condição de melhores momentos da vida? O que faz alguns momentos mais especiais do que outros?

   Discussão árdua e repleta de subjetividade essa, não é? Até porque alguns sempre elegerão fatores profissionais como “melhores momentos”, enquanto outros voltarão seu foco mais para questões íntimas. Eu fico com o meio termo, um pouquinho de cada lado.

    E, se for mesmo para mergulhar nessa aventura de memórias e recordações, acho que dá para puxar alguns episódios que foram marcantes em minha vida. Não vou falar de primeiro beijo e primeira vez porque os considero ritos de passagem e não momentos que foram realmente tão bons assim. Foram, no máximo, um alívio.

   Entretanto, posso citar minha aprovação no vestibular de Comunicação Social (UFJF), depois de um ano inteiro estudando de seis a oito horas por dia. Foi significativo, embora eu não tenha comemorado tanto quanto a ocasião merecia (particularidades de um nerd, vocês entendem, né?). Posteriormente, também é muito importante lembrar dos sufocos e da correria de faculdade, onde conheci pessoas incríveis como Chantal Cekiera, Léo Aguiar, Maria Izabel, Pri Pinheiro, Ludmila Noronha, Renata Xavier e por aí vai.Também me orgulho muito de ter conseguido minha habilitação para dirigir. Foi difícil e desafiador. Voltando ao campo profissional, posso falar sobre a convocação para o meu atual emprego, uma benção, após realização de concurso. Alegria ainda maior se deve ao fato de ser em uma instituição pela qual tenho tanto carinho, uma instituição que participou da minha formação em todos os sentidos.

   Vem à memória o desprendimento que me permitiu dizer “Vai lá e construa seus sonhos por nós”, quando uma pessoa que amei partiu para uma jornada de autoconhecimento. Enche meus olhos até hoje quando também me lembro de que meu querido e saudoso vô Vair insistia para que eu não deixasse nunca de estudar. É especial ainda lembrar quando alguém me disse “Não queria que você fosse embora”. Realmente não fui. Outro momento único foi conseguir beijar uma garota de quem fui amigo por mais de 10 anos, em uma noite em que muitos tentaram roubá-la de mim. Seria mortal não citar o momento em que disse “A gente bem que podia namorar” para a minha querida Fernanda Rocha (Fê). Nem preciso dizer se ela aceitou ou não a sugestão, né? Outro episódio que acho lindo (embora doloroso) foi quando chorei na calçada por um amor não correspondido. Foi necessário para entender o que é o amor, o que é amar e como lidar com os espinhos dessa emoção.

   Sinto-me obrigado a apontar ainda o júbilo de criança com brinquedo novo que experimentei ao comprar meu inseparável “Sayd” e as noites insones escrevendo meus tesouros, entre eles “Tempo Perdido” (título provisório) que vocês podem ler parcialmente aqui no blog, ou bebendo com personagens impagáveis no finado “Bar do Carlinho”, bem ali na esquina entre as ruas Barão de Cataguases e Santo Antônio.

    Existem ainda muitos acontecimentos felizes da infância, com meus pais (Braz e Eva), meus irmãos (Orlando, Juliana, Jaílson e Davi) e meus primos. As descobertas da adolescência nas ruas do bairro Cascatinha (Juiz de Fora-MG), ao lado de grandes parceiros como Cabeça, Edu, Bruno “Babalu”, Ricardo “Bunda”, Cota, Júnior, Fred, Guedes, Gilbertão, André “Bigode” e tantos outros que, com pedidos de desculpas antecipados, aqui não cito por razão de espaço.

    Ainda devo muitos momentos agradáveis ao meu “quinto irmão” Markin Larcher, nesses 13 anos que temos de verdadeira amizade. Uma citação especial também tem de ser feita a família que formei no serviço de pré-impressão da Esdeva Indústria Gráfica. Já dediquei um post a eles (http://blogdodanwinchester.blogspot.com.br/2010/05/tinta-que-nunca-sai-do-coracao.html), mas vale sempre a pena rememorar.

    E os filhotes? Explodem nos pensamentos as vezes em que estive ao lado dos meus xodós Pedro e Larissa (sobrinhos-filhos, porque hoje os tios são muito mais do que tios, são pais emprestados e amigos de infância). Que gostoso é lembrar também dos nossos bichinhos: a Lady, a Paminha, a Akita, a Raishona e, por fim, o Mias (esse ainda muito vivo e ativo, um autêntico comilão de plantas e roupas de varal).

   E os gols nas peladas? Cada um deles merece um brinde, isso porque aconteceram mesmo sendo eu um zagueiro estilo “arranca-toco”. Também posso citar minhas defesas da época de goleiro, com direito a impedimentos de gols de caras como Léo Aleixo (hoje jogador de futsal profissional) e os juniores do Tupi, em uma oportunidade que tive de treinar lá.

   São muitos momentos e muitas pulsações. Ri, chorei, me desesperei, acalmei a mim e a muitos. Uma vida tão pequena e tão pródiga em lembranças.

   Enfim, acho que dá para dizer: os melhores momentos de nossa vida são justamente o fato de termos melhores momentos em nossas vidas. Nunca é tarde para colecioná-los. Vamos a eles!!!!