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segunda-feira, 21 de maio de 2012

É teeeetraaaaaa




Foi um jogaço. Viu-se em campo todas as nuances emocionantes de uma partida de futebol, tudo aquilo que torna esse esporte mágico e irresistível. De um lado, uma potência tradicional, dona de quatros canecos da Champions League e de tudo que há de mais emblemático no futebol alemão. Do outro, um rival inglês que, embora tradicional, quase faliu, sendo salvo pelos investimentos de um bilionário russo cuja riqueza é de origem misteriosa. Enfim, uma equipe montada por jogadores de todos os matizes, credos e cores. Um time multinacional, mas sem identidade, sem vínculo territorial com a representação pela qual trabalha (salvo os xerifes John Terry e Frank Lampard).

Podia-se definir esse jogo envolvendo Chelsea e Bayern como um duelo de Davi e Golias. Os ingleses, nanicos e sem vergonha do feio "futebol de resultados", contra um gigante germânico que eliminou o Real Madrid jogando de igual para igual, com atletas talentosos e velozes (ou alguém ousaria disputar uma prova de 100 metros contra Robben ou Riberry?).

Lançada a sorte e todo o favoritismo para o lado alemão, a partida revelou mesmo que a lógica estava certa. Dominante e jogando em seu território, o Bayern de Munique encurralou o Chelsea. Criou muitas chances de gol, mas esbarrou nas atuações seguras de David Luiz e Cahill. Petr Cech também esteve irrepreensível. Demonstrou todo o futebol que possui, mas uma pena que esse só surja quando o goleirão está feliz com o treinador da equipe.

No entanto, com tamanho volume de jogo, o gol alemão acabou saindo no final da partida. David Luiz e Ashley Cole se confundiram na marcação e Müller irrompeu sozinho, na pequena área, para fulminar o barbante londrino. Tudo bem, a cabeçada foi na direção do solo, mas com tanta força que a bola explodiu na grama e depois subiu veloz para o fundo do gol. Sem misericórdia para Cech. Era o gol do título. Era.

Com poucos minutos em campo, Fernando Torres descolou um escanteio providencial. Seu compatriota Mata bateu e lá estava o marrento Drogba para sacudir o rabo de cavalo e deixar tudo igual. Gol injusto, água quente no chope bávaro. Mais uma zombaria do futebol para cima da lógica, da matemática e da razão numérica.

Na prorrogação, Drogba passou de Jesus para Judas. Pênalti desastroso em Riberry. Robben, amigo do peito de Felipe Melo, bateu e... e Cech defendeu. Defesa impossível nos tempos de Felipão e Villas-Boas à frente dos blues. Com a chance desperdiçada, faltou ânimo para o Bayern chegar ao título. Já o Chelsea se arrastou como pôde até a decisão por penalidades. Era tudo ou nada.

E foi tudo. Para os londrinos. Com pontaria calibrada e um Petr Cech voador, os azarões levantaram a taça. Com direito a Drogba encerrando as cobranças cheio de estilo, deslocando o excelente Neuer. Palmas para os comandados do técnico interino Roberto Di Matteo. Foi um título conquistado na raça, na garra, no suor e nas lágrimas. Foi merecido.

Olhando bem de perto, deu até mesmo para enxergar o DNA da seleção brasileira de 94. A feiura de resultados deveria ter sido patenteada por Parreira. Drogba foi o Romário desse Chelsea. Cech, pelo gigantismo nos pênaltis, lembrou muito bem o Taffarel. Além do êxito e do método, pode-se enxergar outra semelhança entre os times: a ambição dos jogadores. Da mesma forma como Parreira pouco influiu para o triunfo na Copa de 94, Di Matteo foi apenas um tapa-buraco, sendo a Champions League um produto muito mais dos atletas do que se seu treinador.

E se muito dessa final de Champions me lembrou a final de 94, pelo menos, dessa vez, pudemos escapar dos berros escandalosos do Galvão Bueno. Deus abençoe a TV por assinatura e a internet. Valeu a pena se render à tecnologia.

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