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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Distâncias e reflexões



         Eu tenho medo de ir mais longe porque a distância me assusta. O que haverá além do horizonte, que canções o mar me cantará depois do infinito? Eu não sei e temo. Temo porque não conheço, temo porque amo a quem fica. Não consigo ir sem olhar para trás.

         Meu coração me ancora e me apavora. Fico trêmulo pelo calafrio de poder nunca mais voltar, nunca mais rever minhas origens e replantar minhas raízes.

         Que coisa esse medo. Colombo não o teve assim como Da Vinci. Sou realmente desse jeito: medroso, cagão e provinciano. Acho a distância perigosa, dangerosa. Meu Dumont perde com força para meu Drummond. Esqueço que tenho asas e, se lembro, entro em pânico por usá-las.

         É besta ser assim, mas não tenho vergonha. Vou ser assim para sempre. E se não houver o sempre? E se tudo for só uma questão de por enquanto? E se música parar porque há sim um final definitivo nos esperando?

         Ah, quer saber? Chega de ser gauche, chega de ser ghost. Eu vou arriscar tudo, apostar alto. Minhas fichas estão na mesa e minha bagagem à mão. Só não abro mão de levar quem eu amo para esse longe que tanto me acossa e assusta. A distância deve ser um anjinho de chifres ou uma diabinha com cara de santa.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Modinha global


                 
               A modinha agora entre os globais que se consideram descolados é postar fotos de bitocas homoafetivas no Instagram. Bom, não veria nada demais nisso se não fosse pelo viés de que se trata de uma manifestação contra o pastor-deputado Marcos Feliciano. Francamente, o Feliciano está se lixando para beijos gays na internet. Ele tem mais o que fazer como, por exemplo, comandar a lavagem cerebral de seu próximo culto ou ainda resenhar as próximas bobagens que proferirá nas reuniões da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

           Então, se o efeito dos beijos gays globais é nulo, por que insistir nisso? Simples, autopromoção. A onda é mostrar e causar, parecer ser o que não se é só para ganhar os holofotes e os cliques. Tudo bem, autopromoção não é crime. Porém, acho triste um beijo gay que não é protagonizado por gays. É fraude, enganação.

            Ao contrário do que pensa o arejado cérebro da dona Joelma, ser gay não é errado, patológico nem problemático. É apenas um fato da vida de um ser humano. Agora, fazer ceninha para o público só para estampar capa de site é doentio e oportunista. Desmerece toda a luta que vem por trás de quem é homossexual de verdade. É superficializar todo o trabalho de consciência e engajamento de quem sofre realmente com preconceito e intolerância.

         Fazer pose de GLS para as lentes só reforça as tacanhices proferidas por Joelmas e Felicianos. Se quiserem apoiar e militar pela compreensão, respeito e transigência aos homossexuais, sejam bem-vindos. Agora, se o barato é fazer graça para conquistar o buchicho alheio, please, dirijam-se à próxima freguesia. Falsidade e vaidade, a gente não se vê por aqui.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Em forma


    
    Formar-se, se conformar, tomar forma para se encaixar em um mundo, um contexto. Não confunda e não distorça: formar-se não é deformar, mas informar, reformar, expandir, corrigir defeitos.
         
    Quem se forma, se prepara para um novo mundo de emoções e desafios. Formar-se é transformar o mundo em que se vive, trazendo o que se aprendeu para a prática, para o osso duro da labuta e do engenho.

    Lembre-se: formar-se é um processo contínuo, extenso; não termina na festa divertida, na beca erguida e nos sonhos reinantes. Formar-se é algo que se dá em múltiplas dimensões: pessoal, profissional, cultural, humana...
         
    Enfim, formar-se é ir muito além da formação e da formatura, é ir ao encontro de realizações, do caminho que se constrói e do lar a que ele leva. Formação é a renovação dos compromissos que temos com nós mesmos e com nossas raízes.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Amar é despencar



Amo meu amor e tenho um amor para amar nessa vida. Vida cheia de amores, amores da vida são tantos e tanto nos ensinam que, quando o amor da vida chega, logo reconhecemos e seguramos para nunca mais perder de vista. Porém, na vida nem tudo é e vem sempre do jeito que queremos. Às vezes, amar é mar e sal, é um exercício de ardor e paixão, de prática e esfoliação, de fricção rumo à perfeição. Amar pode ser navegar rumo a um porto seguro ou a uma ilha deserta, pode ser singrar as ondas para ancorar junto ao litoral. Pode ser tudo, pode ser mais do que tudo. Amar é viver em queda livre, é confiar que alguém lá embaixo vai nos segurar, colocar na cama e fazer carinho. Amar é acreditar no impossível, é buscar um sorriso no recôncavo do espírito, é acreditar na surpresa e no infinito, é lançar as redes e içar um elo perdido. É um encontro, reencontro, consigo, com o futuro, com o Destino. É despencar e flutuar em um mesmo sentido.