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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Distâncias e reflexões



         Eu tenho medo de ir mais longe porque a distância me assusta. O que haverá além do horizonte, que canções o mar me cantará depois do infinito? Eu não sei e temo. Temo porque não conheço, temo porque amo a quem fica. Não consigo ir sem olhar para trás.

         Meu coração me ancora e me apavora. Fico trêmulo pelo calafrio de poder nunca mais voltar, nunca mais rever minhas origens e replantar minhas raízes.

         Que coisa esse medo. Colombo não o teve assim como Da Vinci. Sou realmente desse jeito: medroso, cagão e provinciano. Acho a distância perigosa, dangerosa. Meu Dumont perde com força para meu Drummond. Esqueço que tenho asas e, se lembro, entro em pânico por usá-las.

         É besta ser assim, mas não tenho vergonha. Vou ser assim para sempre. E se não houver o sempre? E se tudo for só uma questão de por enquanto? E se música parar porque há sim um final definitivo nos esperando?

         Ah, quer saber? Chega de ser gauche, chega de ser ghost. Eu vou arriscar tudo, apostar alto. Minhas fichas estão na mesa e minha bagagem à mão. Só não abro mão de levar quem eu amo para esse longe que tanto me acossa e assusta. A distância deve ser um anjinho de chifres ou uma diabinha com cara de santa.

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