Total de visualizações de página

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Reflexos do eclipse

Na derrota, as cartas ocultas se revelam. No fracasso, as pessoas entendem o significado das patadas que distribuíram nos figurantes, nos retardatários, nos fracos que nunca têm vez.
No momento em que o insucesso bate à porta, algumas pessoas começam a se perguntar por que elas estão naquela situação. Aí vem o flashback a descortinar a série de humilhações e despautérios com que essa mesma pessoa tratou tantas outras.
A sandália da humildade começa a ficar mais confortável em pés que antes só se julgavam dignos dos mais altos saltos. As máscaras, enfim, desabam. O retiro, o refúgio, o exílio por conta própria trazem profundas e profanas reflexões. Será mesmo que se aprende algo nesse amargor?
Talvez sim. Depois que se destila todo ódio e veneno, uma lição há de ser legada. Talvez se aprenda que tudo na vida tem dois lados. Que a zona de conforto não é eterna. Que até o mais altivo dos homens sofreu cruelmente pela injustiça e pela desconfiança de outros homens que ele tanto auxiliou.
Enfim, talvez seja possível entender que o planeta Terra todos os dias rotaciona em torno de si mesmo.  Desse modo, às vezes se está à luz e às vezes se está à sombra. Portanto, não é desejável arruinar a biografia ou a dignidade de outras pessoas, porque isso retorna a quem disparou. Nunca deve ser esquecido que uma hora o brilho se tornará crua treva.
Com isso, volta-se à pauta original de toda relação humana: não se deve julgar com tanta tirania quando não se é capaz de obter um desempenho melhor em função análoga a de quem tanto se critica. Assim, quando chegar a vez do atirador dar as cartas, ele ao menos encontrará o mínino de clemência de quem agora é o súdito do reino.

Um comentário:

  1. Excelente! Excelente!
    Aproveito para comentar que não aceito mais cheques; somente em espécie!
    Abração
    Eduardo Antunes

    ResponderExcluir