Remete aos tempos ancestrais essa confusão de espaços e lugares. Realmente, sempre foi difícil diferenciar o “meu” do “nosso”. Todavia, em um estado democrático de direito como o nosso, isso se faz fundamental. Posto isso, devemos avançar para o cerne de nossa questão.
O “meu”, ou seja, aquilo que é destinado para meu desfrute e proveito, é tudo aquilo adquirido e/ou construído com “meu” dinheiro, em conformidade com a lei. O “nosso” é tudo aquilo construído e/ou adquirido pelo poder público (municípios, estados ou Governo Federal) para uso coletivo. Essa diferenciação, embora simplória, é muito importante para o ponto que discutiremos agora.
Como sabemos, a Prefeitura de Juiz de Fora “fechou” as duas mãos de um pedaço da Avenida Independência (esse é o verdadeiro nome do logradouro) para que o Hospital Monte Sinai faça suas obras de expansão predial. O curioso é que o referido hospital nem pelo SUS atende (pelo menos até onde eu sei). Isso é uma flagrante inversão de valores, uma estúpida e oportunista confusão entre o público e o privado. A avenida, que é pública, se fecha para que um hospital particular faça suas obras. Quem ganha são os donos do hospital em prejuízo dos moradores de Juiz de fora, que se veem obrigados a usar as vias alternativas de um trânsito cada vez mais caótico.
Outro exemplo é o Shopping Independência. A área verde que existe hoje em frente ao empreendimento era, vocês se lembram, campo de futebol e área de lazer da comunidade do bairro Dom Bosco. Atendendo aos anseios do grupo responsável pelo shopping, a Prefeitura simplesmente desmanchou o campo, que se localizava em um terreno da própria Prefeitura. A prometida área de lazer alternativa foi reconstruída, mas no Aeroporto, bairro distante de onde se situava o campo original. Novamente, viu-se o interesse e o lucro privados engolirem as necessidades de uma comunidade carente em todos os sentidos. Ou seja, o poder público se prostrou diante dos interesses particulares.
Quem se locupletou com tudo isso? Eu até sei, quem me dera ter provas para levar essa gente para os tribunais e cadeias. De qualquer forma, pensem bem em que lado sai ganhando quando o interesse público se desfaz em favor do superávit individual. Com certeza, vocês também têm casos sobre isso para relatar. Façam valer seus direitos. A eleição está chegando. Podemos fazer diferente dessa vez.