O que é estar só? No fundo, nunca estamos sós. Sempre há um além, uma transcendência a nos acompanhar. O viajante da noite fria no deserto traz consigo a companhia do céu iluminado, com estrelas bailando e cintilando no horizonte festivo do infinito. O monge isolado em seu recinto nunca está só quando ora a Deus por misericórdia pelos pecados humanos. Ali com ele estão presentes tantas almas e tantas energias, que o ambiente se faz tomado por multidões, ainda que invisíveis. No fim, nunca estamos só. Partimos como chegamos, sempre assistidos e acompanhados por tantos a esperar pelo choro de quem nasce como também pelo ressonar de quem renasce. O desfecho é só o recomeço e a restauração de um fio que segue sem rumo pelo mundo ilimitado que se projeta para além do olhar. Acostumem-se a perceber que estamos muito acima e muito abaixo do que possa imaginar nossa "vã filosofia".