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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Versos febris


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A manhã que me aquece
a solidão úmida desaparece
somos agora filhos do mesmo prazer
somos elos da mesma corrente
perdemos o que nunca conquistamos
morremos sem a experiência da vida
fomos enterremos sem  o corpo
uma mesa que vira
uma fúria calculada
um intenso além do breve
insatisfação além da greve
soldados marchando na escuridão
os lumes dos tiros que me atravessam o pulmão
não sinto nada
em minha absurda indiferença
não sinto nada
não sinto seu corpo
não sinto paixão
não tenho dúvidas
 não tenho ambição
não vejo sentido
quando vago na contramão
não vejo o vazio
quando fazem meu corpo ungido
quero morrer
quero seu corpo derreter
com o ódio que tempera meus desejos
quero ver seu corpo na terra
devorado pelos vermes amigos
quero ver seu sofrimento
quero ver sua corrupção
moral, sentimental, social
quero ver seu fim, sua inglória
construir de seus ossos
o meu templo de salvação

o meu palácio, meu Taj Mahal


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