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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Rock star


Meu rock star usa cabelos longos, soltos ao vento, sem tantos cuidados ou vaidades. Tem barba longa e não esquenta a cabeça com o que dizem sobre seu estilo de vestir. Nunca o vi de preto, mas acho que ele não teria problemas com nenhuma cor que usasse. É dono de uma fala mansa, serena, devidamente pausada entre uma palavra e outra, mas ganha a atenção de todos quando canta sobre o que lhe toca o coração. É um cara que fala de amor, igualdade sentimentos e liberdade. Ele não tem endereço, está sempre na estrada, conhecendo pessoas, distribuindo carinho e respeito por quem o procura. Não vou mentir, ele gosta de um vinho, de um peixe bem preparado e da companhia de seus melhores amigos, aqueles que o seguem pelos palcos da vida e da existência. E esses caras não são muitos, talvez 12, um pouco mais, um pouco menos, mas são fiéis e solidários ao líder. Ele é um ídolo que prefere educar pelo exemplo, que não perde tempo com discussões tolas e infrutíferas. Não é de criticar os outros, mas também não gosta que lhe imponham caminhos ou destinos. É tremendamente relaxado com tudo, se lhe dão um tapa, oferece a outra face. Fazer o quê? Não se trata de marra ou de marketing, ele é simplesmente assim. Difícil vê-lo fazendo selfies sem camisa em lugares luxuosos e requintados. Ele não é disso. Ele prefere um banho de lago, uma boa conversa, um abraço sincero. Fez e ainda faz muito sucesso, mesmo sem ter gravado disco algum. Suas palavras estão registradas em partituras que só chegaram ao público graças ao esforço de seus seguidores. Sim, meu rock star não morreu de overdose, ele foi tirado de nós pela intolerância e tirania de seus críticos. Não que isso tenha lhe tirado o peculiar sossego. Mesmo diante da fúria alheia, se conteve, fez uma prece e pediu que se perdoasse a quem tanto lhe perseguia. Ele é assim, difícil lhe tirarem a calma ou o equilíbrio. Ele não está mais fisicamente entre nós, mas ainda assim é possível ouvir e sentir seu legado, ainda assim é possível aprender com ele e lhe devotar horas de atenção e pensamento. Um rock star de verdade nunca morre. O meu é uma prova disso; até porque são 2015 anos de distância entre o que hoje escutamos e o que ele nos herdou de maneira tão abnegada.