Meu rock star usa cabelos longos, soltos ao vento, sem tantos cuidados
ou vaidades. Tem barba longa e não esquenta a cabeça com o que dizem sobre seu
estilo de vestir. Nunca o vi de preto, mas acho que ele não teria problemas com
nenhuma cor que usasse. É dono de uma fala mansa, serena, devidamente pausada
entre uma palavra e outra, mas ganha a atenção de todos quando canta sobre o
que lhe toca o coração. É um cara que fala de amor, igualdade sentimentos e
liberdade. Ele não tem endereço, está sempre na estrada, conhecendo pessoas,
distribuindo carinho e respeito por quem o procura. Não vou mentir, ele gosta
de um vinho, de um peixe bem preparado e da companhia de seus melhores amigos,
aqueles que o seguem pelos palcos da vida e da existência. E esses caras não
são muitos, talvez 12, um pouco mais, um pouco menos, mas são fiéis e
solidários ao líder. Ele é um ídolo que prefere educar pelo exemplo, que não
perde tempo com discussões tolas e infrutíferas. Não é de criticar os outros,
mas também não gosta que lhe imponham caminhos ou destinos. É tremendamente
relaxado com tudo, se lhe dão um tapa, oferece a outra face. Fazer o quê? Não
se trata de marra ou de marketing, ele é simplesmente assim. Difícil vê-lo
fazendo selfies sem camisa em lugares luxuosos e requintados. Ele não é disso.
Ele prefere um banho de lago, uma boa conversa, um abraço sincero. Fez e ainda
faz muito sucesso, mesmo sem ter gravado disco algum. Suas palavras estão
registradas em partituras que só chegaram ao público graças ao esforço de seus
seguidores. Sim, meu rock star não morreu de overdose, ele foi tirado de nós
pela intolerância e tirania de seus críticos. Não que isso tenha lhe tirado o
peculiar sossego. Mesmo diante da fúria alheia, se conteve, fez uma prece e
pediu que se perdoasse a quem tanto lhe perseguia. Ele é assim, difícil lhe
tirarem a calma ou o equilíbrio. Ele não está mais fisicamente entre nós, mas
ainda assim é possível ouvir e sentir seu legado, ainda assim é possível
aprender com ele e lhe devotar horas de atenção e pensamento. Um rock star de
verdade nunca morre. O meu é uma prova disso; até porque são 2015 anos de
distância entre o que hoje escutamos e o que ele nos herdou de maneira tão
abnegada.
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