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terça-feira, 26 de abril de 2016

Caminhos separados


Seguimos caminhos separados
Esse é o fato
Mas não é preciso se render à vista alheia
Ou filtrar seus amigos por opiniões já formadas
A beleza da vida em grupo é essa
A diversidade, a pluralidade
É entender que o outro pode ser outro
Sem que o obriguemos ao capricho de escolher
O mesmo lado que o nosso
Ser amigo é entender a diferença
E ainda assim amá-la por completo
Quando estivermos maduros o suficiente
Talvez possamos voltar a nos falar
Sabendo que a nossa diferença
É só um fator a mais a valorizar o produto
Quando abraçarmos o outro e seu próprio mundo
Aí sim seremos uma sociedade crescida
Bem resolvida, senhora das matizes
Que tingem todo o tecido humano que habita
As ruas, as praças, as vielas
Quando entendermos que não somos tudo
Abriremos espaços para o infinito
E infinitas serão as possbilidades
Que teremos de bem viver e de nos reinventar

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mera distração


O calor dos seus beijos
O vapor dos meus desejos
Condensados na mesma paixão
Assim começou e assim se deu o caso
Nossos encontros furtivos, anônimos
Entre madrugadas clandestinas
E tardes inventadas de um trabalho qualquer
Iniciamos essa história despretensiosamente
E o que era para ser passatempo
Se tornou a razão de ser do próprio tempo
E agora aqui estou, perdido, apaixonado
Sedento de seu  corpo inebriante
Mas também saudoso de nossas conversas sobre tudo
Nada escapava de sua inteligência rara
Talvez por osmose eu também tenha me tornado mais inteligente
E agora tudo acabou, se foi, como orgasmo calculado
Como faço para reaver aqueles momentos?
Por que desistiu de mim depois de tudo combinado?
O que fez você rasgar esse contrato?
Desistir tão fácil de mim, de nós?
O tempo de lamuriar está encerrado
Nada mais tenho do que o cobertor abandonado
Agora vou indo, caindo, me redescobrindo
Entre copos de bebidas amargas
Entre companhias nem tão desejadas
Agora vou revendo nossos lances
E entendendo com meus erros
Agora vi tudo tão claro, nítido
Meu grande erro, o maior deles
Foi apostar tudo em você
Na crença vã e cega, agora vejo
De que sua expectativa era igual à minha
Nunca foi, jamais será
Do alto dessa frustração paroquiana
Compreendo que entre amantes
As cartas são diferentes, o peso é desigual
E talvez nem mesmo o jogo seja o mesmo
O que para alguns é uma decisão fatal
Para outros não passa de mera distração

Em horas desinteressantes de ócio

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Próxima missiva


Vendo por meio desta
Declamar meu amor por você
Meu fanatismo por sua figura
Meu desejo insano por seus beijos
Atentos, intensos, abertos e honestos
Quando meu pensamento se encaixa
É como se você estivesse ao meu lado
Tocando meu braço, puxando meus lábios
Pensar em você não é fugir da realidade
É justamente o contrário
É ir ao encontro dela, sem medo nem receio
Nossa relação passou do cosmo das paredes
Agora ela atravessa horizontes
Desdenha dos quilômetros
Para se materializar nos sonhos
Nos seus, nos meus, nos nossos
Talvez isso não tenha nome
Muito menos sobrenome
Não me interessam os rótulos
Quero apenas acordar
Do seu lado ou não
Sabendo que meu amor tem destino certo
Que minhas cartas imaginárias de paixão
Tem uma destinatária ansiosa e aflita
Sempre à espera da próxima missiva
Sempre à espera da próxima aventura
E assim vivemos esse amor distante
E, ao mesmo tempo, tão próximo
Daquela chama, daquela quimera
Que arde nosso peito, que incendeia
O rastro de pólvora que nos liga
Como um cordão umbilical
Que transforma um singelo olhar

Na mais tentadora emoção