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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mera distração


O calor dos seus beijos
O vapor dos meus desejos
Condensados na mesma paixão
Assim começou e assim se deu o caso
Nossos encontros furtivos, anônimos
Entre madrugadas clandestinas
E tardes inventadas de um trabalho qualquer
Iniciamos essa história despretensiosamente
E o que era para ser passatempo
Se tornou a razão de ser do próprio tempo
E agora aqui estou, perdido, apaixonado
Sedento de seu  corpo inebriante
Mas também saudoso de nossas conversas sobre tudo
Nada escapava de sua inteligência rara
Talvez por osmose eu também tenha me tornado mais inteligente
E agora tudo acabou, se foi, como orgasmo calculado
Como faço para reaver aqueles momentos?
Por que desistiu de mim depois de tudo combinado?
O que fez você rasgar esse contrato?
Desistir tão fácil de mim, de nós?
O tempo de lamuriar está encerrado
Nada mais tenho do que o cobertor abandonado
Agora vou indo, caindo, me redescobrindo
Entre copos de bebidas amargas
Entre companhias nem tão desejadas
Agora vou revendo nossos lances
E entendendo com meus erros
Agora vi tudo tão claro, nítido
Meu grande erro, o maior deles
Foi apostar tudo em você
Na crença vã e cega, agora vejo
De que sua expectativa era igual à minha
Nunca foi, jamais será
Do alto dessa frustração paroquiana
Compreendo que entre amantes
As cartas são diferentes, o peso é desigual
E talvez nem mesmo o jogo seja o mesmo
O que para alguns é uma decisão fatal
Para outros não passa de mera distração

Em horas desinteressantes de ócio

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