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terça-feira, 18 de junho de 2019

Escuros sagrados, grotescos amargos



Não se assuste, mas também não se encante
Eu sou o você de ontem, eu sou a máscara que você tanto renega
Entre tantas renúncias, você fez a possível e também a impossível
E, agora, em um baile de sentimentos, tudo transita para lugar algum
Sim, esse lugar algum utópico, distópico, quase um trópico
Um paraíso perdido entre seus soltos instintos
Um elo aberto entre a fronteira do passado e do futuro contíguo
Tudo agora se acalma, como brasa em alma, como fogo amigo
Ainda assim, você não está livre do perigo
Perigo é logo ali, é o insuspeito vizinho, o inesperado conterrâneo
E como tudo é contemporâneo, saia do abrigo, se livre do aviso
Quando tudo acontece simplesmente por fato escolhido
O destino se torna aliado e um novo comissionado
Para a existência plena, plural, contagiante
Tão inebriante quanto os tantos tons de cinza que lhe espreitam
Por trás das curtas cortinas, por entre os carros na avenida
Por entre o castanho-escuro das travessas íris
Que insistem invadir seus escuros sagrados, seus grotescos amargos

Singelo ato



Às vezes, sinto o que vivo
Às vezes, sinto o ar que aspiro
Às vezes, sinto onde abrigo
E, assim, de suspiro em suspiro,
De um gemido até o próximo grito
Me reúno, me resgato, me reencontro
Mas onde estão as páginas rasgadas?
Onde estão as emoções não vividas?
Para que tanto gasto para tão pouca energia?
Às vezes, é preciso julgar os méritos dos resultados
Às vezes, é preciso julgar as perguntas antes das respostas
Às vezes, é preciso largar tudo e se permitir algo novo
Não há conclusões lógicas e óbvias para todo questionamento
Mas, muitas vezes, o singelo ato de questionar e de se questionar
Transcende a absurda necessidade de se ter uma resposta para tudo