Não se assuste, mas também não se
encante
Eu sou o você de ontem, eu sou a máscara
que você tanto renega
Entre tantas renúncias, você fez a
possível e também a impossível
E, agora, em um baile de sentimentos,
tudo transita para lugar algum
Sim, esse lugar algum utópico, distópico,
quase um trópico
Um paraíso perdido entre seus soltos
instintos
Um elo aberto entre a fronteira do passado
e do futuro contíguo
Tudo agora se acalma, como brasa em
alma, como fogo amigo
Ainda assim, você não está livre do
perigo
Perigo é logo ali, é o insuspeito
vizinho, o inesperado conterrâneo
E como tudo é contemporâneo, saia do
abrigo, se livre do aviso
Quando tudo acontece simplesmente por
fato escolhido
O destino se torna aliado e um novo
comissionado
Para a existência plena, plural,
contagiante
Tão inebriante quanto os tantos tons de
cinza que lhe espreitam
Por trás das curtas cortinas, por entre
os carros na avenida
Por entre o castanho-escuro das
travessas íris
Que insistem invadir seus escuros
sagrados, seus grotescos amargos