Uma palavra, um castelo de cartas. Um beijo roubado, uma vida
assombrada. É tarde demais ou ainda é cedo. Não importa o tempo. A
pandemia e o pandemônio nos tornaram acrônicos, cômicos e canônicos. Rimos da
própria chaga e ela em retorno nos mata. Aos milhares por enquanto. Mas talvez
chegue aos milhões. Melhor não subestimar o Mal, mesmo que ele esteja morando
junto aos fantasmas do Palácio do Planalto Central. Pode ser que eles tenham feito
algum acordo, algo tipo uma rachadinha de cômodos para abrigar a todos,
inclusive os filhotes. E a nuvem de gafanhotos? Pois é, lá pelos lados de Israel,
que inspiram tantos aqui nos trópicos, insetos atacando em massa sinalizam
maldição divina. Um castigo pelo desrespeito e destemor ao Pai. Mas aqui é “Deus
acima de todos”, certo? É mesmo? E qual Deus gostaria de abençoar uma pátria
cujo presidente venera um psicopata e torturador? Qual Deus se orgulha de um
patriota que chama de “gripezinha” uma doença que matou mais de 50 mil
conterrâneos? Acho que essa é a hora de juntar o Brasil com o Egito. Não é que,
no final, Beto Jamaica e Compadre Washington se tornaram profetas? O Egito é
aqui, os gafanhotos vindouros não nos farão esquecer. E olha que depois deles,
outras pragas virão, assim como foi nos tempos bíblicos. Mas de boa, porque a “verdade
vos libertará”. Acredito que nos libertará, mesmo, é de quem nunca deveria ter
chegado lá, afinal de contas.
Esse blog é uma gota de meu sangue, um plasma de meus sentimentos. Poesia, humor, política, dor, frustrações. É um espaço onde sou o que deveria ser ou o que nunca fui. É um lugar onde sou um personagem e uma entidade em vida. Sou um rio e também as pedras. A angústia perdida ou um sorriso espontâneo. Sou eu em múltiplas formas ou em forma alguma.
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quarta-feira, 24 de junho de 2020
Zen
Nada
acontece além do fato
Nada
desperta quando não mais se adormece
É vida que
se joga como um game
É game que
se joga como vida
Tudo ao
contrário, de ponta-cabeça
Como um Revirão,
um enfermo são
Enfim, são
tempos de distanciamento
E de uma
bruta redefinição
Os
incompetentes agora lideram
Os doentes
se tornaram doutores
E o País se
perde e verte
Sangue pela
calçada, coriza pelas esquinas
Mas tudo
fica bem, suave
Quando o
artista preferido faz mais uma live
Ou quando o
futebol volta como se fosse tudo normal
Talvez
seja, talvez esse seja o futuro
Futuro que
poucos imaginaram
Em vez de
carros flutuantes e robôs sofisticados
Temos caos
generalizado, hospitais lotados
Ainda sim,
vamos em frente, vamos adiante
Amanhã tem
festinha clandestina
Churrasco e
birita na piscina
E amanhã
que se foda se aparecer
Mais um
bando de infectado
Só encher
de cloroquina o próprio rabo
E vai ficar
tudo bem, tudo zen
Tudo como dantes
no quartel de Abrantes
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