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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Reflexos


Terra redonda, sorriso vermelho, poesia no sangue, calor em fevereiro, chuvas sem fim, rios de um jardim, luzes e letras, fontes e fios. Algo contínuo e findo. Meu coração em um vidro, um apocalipse de uma noite e um verão na janela de Shakespeare. Um dia de baile e de bestas. Fantasia e fantasmas. Morcegos e namorados. Uma lâmina no escuro e cortes nas sombras. Mãos e magos, mágicos e monstros. Maravilhas da noite. Manchas no lençol e vírgulas de um terçol. Um dia me explico no confessionário da sala de espera divina. Estou em Deus e estou só. Uma briga com o espelho e outra com o vulto atrás de mim. Tudo se quebra e vejo meus pedaços enquanto o reflexo me encara vencedor. Minhas mãos e o fogo, a poesia que queima em meus ossos e me carboniza os miolos. Sou poeta e profeta do meu destino. Ainda que não tenha um.

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