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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Homem tem de chorar


              
              O homem que disse “homem não chora” chorava escondido. Homem chora e muito. Choramos por amores não correspondidos, choramos por sentimentos doloridos e pela falta de reconhecimento alheio. As lágrimas nos vêm em arroubos de arrependimento ou de tristeza por alguém que se vai.

            O homem tem de chorar. É assim que lavamos a alma e ejetamos os resíduos das batalhas que travamos com Chronos. Acredito que o pranto é um dos raros momentos em que nossa alma se desnuda. Talvez por isso tenha incomodado tanto o autor da célebre frase. 

            A verdade é que até Deus chorou. Duvido muito que um pai não choraria vendo o filho castigado, torturado e morto por uma falange de estúpidos. Essa é a vida que nos bate, nos fustiga até sangrarmos em forma de gotas salgadas.

            Isso só me faz concluir que homem chora e deve chorar sim. Não é, claro, para descascar cebolas ou fazer um curso de teatro. Não. O choro deve ser livre e espontâneo. Deve rolar com o peso das emoções que nos pressionam. Pode ser um amor bandido ou desencontrado, uma frustração, uma perda irreparável ou até mesmo o acúmulo das pequenas decepções diárias. Não importa, o importante é que, quando os cílios se inundarem, não segure as lágrimas. Elas são como cães selvagens: quanto mais encarceradas, mais elas se rebelarão até conseguirem a fuga (e isso vai acontecer, acredite, na pior hora possível).

            Juro que essa vai ser uma das lições que passarei para meus filhos (que ainda vão vir) e sobrinhos: chore toda vez que a carga de sentimentos não couber no coração. A catarse é um dos segredos das pessoas felizes, um equilíbrio que nos protege de nossos próprios fantasmas.

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