O homem que disse “homem não chora” chorava escondido. Homem
chora e muito. Choramos por amores não correspondidos, choramos por sentimentos
doloridos e pela falta de reconhecimento alheio. As lágrimas nos vêm em
arroubos de arrependimento ou de tristeza por alguém que se vai.
O homem tem
de chorar. É assim que lavamos a alma e ejetamos os resíduos das batalhas que
travamos com Chronos. Acredito que o pranto é um dos raros momentos em que
nossa alma se desnuda. Talvez por isso tenha incomodado tanto o autor da
célebre frase.
A verdade é
que até Deus chorou. Duvido muito que um pai não choraria vendo o filho
castigado, torturado e morto por uma falange de estúpidos. Essa é a vida que
nos bate, nos fustiga até sangrarmos em forma de gotas salgadas.
Isso só me
faz concluir que homem chora e deve chorar sim. Não é, claro, para descascar
cebolas ou fazer um curso de teatro. Não. O choro deve ser livre e espontâneo.
Deve rolar com o peso das emoções que nos pressionam. Pode ser um amor bandido
ou desencontrado, uma frustração, uma perda irreparável ou até mesmo o acúmulo
das pequenas decepções diárias. Não importa, o importante é que, quando os
cílios se inundarem, não segure as lágrimas. Elas são como cães selvagens:
quanto mais encarceradas, mais elas se rebelarão até conseguirem a fuga (e isso
vai acontecer, acredite, na pior hora possível).
Juro que
essa vai ser uma das lições que passarei para meus filhos (que ainda vão vir) e
sobrinhos: chore toda vez que a carga de sentimentos não couber no coração. A
catarse é um dos segredos das pessoas felizes, um equilíbrio que nos protege de
nossos próprios fantasmas.
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