Traga mais o caldo desses beijos, traga mais doce ilusão. Não
quero tragar o fogo do desprezo, vou esperar seus momentos de furor. É de bala
o gosto desse lábio, tem a textura de uma seda esses cachos que me prendem os
dedos de uma mão. Não diga que esqueceu, que o sentimento não sobreviveu, ele
respira e inspira os cuidados que lhe dou. Não adote o discurso do passado, se
entre nós não há hiato; não me venha com a conversa de que saudade não se mata.
Explica, então, esse sorriso no seu rosto, o cabelo meu desarrumado e tudo que
aconteceu naquele quarto. Você sabe que podemos enganar a cabeça, o pensamento,
a razão, mas, no fundo, o sentimento bate forte e nos sufoca. Traga seus dedos
em meu corpo, seu retrato refletido em meus olhos e mais e muitas horas de paixão.
Nem converse, apenas beije, aproveite, não sei quanto tempo vai durar, mas que
se faça eterna a chama dessa intensa abrasão. Enlouqueça, se jogue nessa
furiosa volição, traga o volume e as formas para mim, me deixe tocar seu
paraíso. Faça assim, não fique lá, no fim de tudo, você sempre soube que havia
sim um motivo para voltar, para entender que isso está muito longe de acabar.
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