Ah, o Amor. Esse
indecifrável ser, essa endiabrada criatura que nos toma pelos pés, pelos beijos
e pelos abraços. Esse estranho no ninho sempre a nos empurrar para o
descaminho, para o colo que jamais deveria ser hospedeiro de mais puro e
abstrato sentimento. O Amor, esse louco inveterado a quebrar as vidraças e
atravessar as paredes da nossa indiferença. Como quem não quer nada, lá está
Ele, do alto nosso miocárdio, direcionando nosso ajuste emocional. Aí se
explica a razão de tanta irracionalidade. Por que ele? Justo essa menina? Não
pode ser. Mas é. (In)felizmente o Amor não se explica e não é explicável. Ele
faz aquilo que quer e pronto, sem mais conversa. Por isso, a melhor forma de
lidar com Ele não é enfrentá-lo, mas sim aceitá-lo. Um pouco de ingenuidade
disfarçada não faz mal. Deixar o Amor comandar como se não houvesse resistência
é a melhor forma de distraí-lo antes do bote derradeiro. O Amor não sabe disso
(e espero que Ele não me leia), mas é possível fazer o jogo dEle, é possível
ser a criança mimada dessa brincadeira de cartas marcadas. O segredo? Basta
jogar, se jogar de cabeça e lembrar que não existem regras que não podem ser
burladas. O Amor pode tudo, mas nós também podemos. Para tal, basta entrarmos
em campo desarmados daqueles nossos preconceitos de sempre. A fórmula mágica
para vencer o Amor é essa: amar de verdade e nos entregar sem medo às surpresas
que nossas vidinhas nos reservam. E então, vamos tentar ou ficar esperando a próxima
tirania desse irresponsável de asas?
Esse blog é uma gota de meu sangue, um plasma de meus sentimentos. Poesia, humor, política, dor, frustrações. É um espaço onde sou o que deveria ser ou o que nunca fui. É um lugar onde sou um personagem e uma entidade em vida. Sou um rio e também as pedras. A angústia perdida ou um sorriso espontâneo. Sou eu em múltiplas formas ou em forma alguma.
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terça-feira, 30 de janeiro de 2018
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
Apocalipse
A sensação é de que houve um apocalipse. Só vejo ruas
destruídas, prédios desmoronados e corações despedaçados. Como quem não entende
onde se meteu, me pego com as mãos ensanguentadas e com a poeira cobrindo meu
rosto. São os sinais de culpa, de autoria criminal. Mesmo sem compreender, fiz
parte de todo esse processo destrutivo, de toda essa corrupção emocional. Fui inconsequente,
deixei o arroubo de um momento transformar toda minha obra em ruínas
existenciais. Tudo por que lutei exterminado por meus próprios dedos, como se
eu fosse um louco que rasga dinheiro e quebra cristais. No reflexo de um
espelho, só vejo vergonha e vazio, sentimentos esses que nem de longe me
acompanhavam em outras eras do meu passado. Talvez eu seja apenas o esboço, o
rascunho mal feito de algo de que tanto me orgulhava. Agora, me sobram os
restos e as raspas, os pedaços desmembrados daquilo que foi outrora tão límpido
e invejável. As lágrimas não mais adiantam, o arrependimento não mais comove.
Apenas revelam a tristeza por trás de quem escolheu a autossabotagem como
destino de seus próprios desatinos. É a hora de se levantar e de começar a
reconstrução, isso não sem antes colher as lições da amargura e os aprendizados
do descaminho. O recomeço vem do reconhecimento do erro, do reexame de tudo que
foi sacrificado. Não é possível marchar para frente sem observar a rastro de
enxofre que ficou no horizonte. Para acertar, é preciso antes parar de errar.
Tão fácil na teoria e tão dificultoso na prática do dia real. Mas que assim
seja então: um acerto por turno, um infortúnio que não se completa. É desse
modo, peça por peça, que grandes feitos são erigidos. Vamos, então, começar e
não mais tardar. A vida segue, seja como pesadelo recordado, seja como jornada
de trabalho aproveitado. A escolha é de cada um.
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