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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A próxima refeição



Não faz diferença. Ou melhor, faz toda a diferença. Aqueles dois números mágicos que você vai digitar no dia 28 de outubro serão cruciais para o futuro do país. Realmente, não devemos pregar que se trata de uma escolha entre democracia e ditadura, entre criação e destruição. O cenário que nos apresenta é mais de uma escolha entre continuísmo e ruptura. Mas continuísmo de que? De acertos ou de erros? Só mesmo uma pessoa com a visão sectária não reconhece que a gestão interrompida pela trupe de Temer teve seus acertos e também seus tantos erros. É deles que Haddad iniciará uma eventual gestão petista? A resposta está no programa no candidato e no que por ele foi feito em seus tempos de Ministro da Educação e Prefeito de São Paulo. Foram gestões que também balançaram, e muito, entre correções e deslizes. Por isso, uma análise cuidadosa e com muito critério se faz pertinente e muito bem-vinda.
Do outro lado, temos uma candidatura que é bastante radical no seu discurso, e ainda mais radical quando se vê ataques a minorias protagonizados por seus partidários. Bolsonaro não é mesmo responsável direto pelo que seus eleitores fazem, mas seria de bom-tom que dele viessem palavras de calmaria e de serenidade. Não ajuda aos indecisos que adeptos de um lado esfaqueiem e espanquem discordantes. Na verdade, isso explica muito o contexto. Esses valentões de meia tigela, que só assim o são em maioria ou armados até os dentes, não lutam por uma mudança de paradigma, entregando à sociedade um governo aliado da boa gestão e da quebra com os elos corruptivos. Para eles, o negócio é estancar a sangria da justiça social que o PT, verdade seja dita, engendrou por questões muito mais eleitorais do que humanitárias. Ainda assim, na gestão de Lula/Dilma muito se observou de avanços no que tange a direitos de minorias e desfavorecidos.
Esse progresso social e econômico das classes emergentes desagradou tanto às “elites” que a colunista Danuza Leão traduziu em palavras o sentimento dessa turma, ao dizer que não tinha mais graça ir a Nova Iorque porque lá haveria o risco de encontrar o porteiro do próprio prédio. Pois bem, é muito positivo, em um país eivado por desigualdades e indiferenças aos desprotegidos, que porteiros e demais classes trabalhadoras possam frequentar aeroportos e desfrutar de roteiros turísticos internacionais.
Eleitores de Jair Bolsonaro têm todo o direito de enxergar nele a melhor das opções, depois de analisar o programa e o discurso do candidato. Mas, por favor, não votem no atual deputado para se vingar de minorias e de emergentes. Fazer isso é como criar cobras para acabar com roedores. Agindo assim, realmente, não teremos mais roedores, mas e quanto às cobras? Quem vai se livrar delas, quem vai lidar com elas? Antes mesmo de se ensaiar a resposta, saiba que elas já estarão, na primeira madrugada possível, enroscadas em seus pescoços, prontas para a próxima refeição.

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