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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Olhos com olhos


Seus olhos são meus olhos. Queria sonhar tão Divina arte. Mas a arte do sonho é para os iniciados. Resta, então, a mim, pobre mortal, me embriagar nas águas da realidade. O meu desejo, genuíno e bruto, é estar com você, em cama, mesa e banho. No entanto, o sal da vida apenas me contempla com sua presença imaginária, com seu halo em meus mais puros anelos. Que seja traição ofender os deuses. Mas o faço por loucura de paixão e cobiça. Um Deus justo há de perdoar uma alma perdida por luxúria transcendental. Afinal, qual Deus nunca pecou, qual imagem santa nunca tombou ao sabor das guerras, sacras ou não? Estou diante de um labirinto, meus instintos apontam um foco, minhas sombras, uma outra direção. Não é divertido se perder entre tantos. Quero alegrias, quero a mágica solução. Deuses, estejam em minha presença, pois faço votos de coração. Deixo a Vocês toda minha ordem e minha furiosa ilusão. Nada peço em retorno. Apenas rogo pela volição, uma última e epifânica experiência de amor em brasas, pois a Morte me espreita com olhar agourento e sibilante, pronta para arrancar olhos com olhos daqueles que a negam pela madrugada de um refrão.

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