Os tempos, os
novos e os novíssimos, acabam de decretar a morte de uma geração. Não, não
estou dizendo que o mundo vai acabar no dia 21/12/12 ou que haverá um terremoto
ou tsunami que vai trucidar a juventude nos próximos meses.
Estou dizendo, na verdade, que uma
geração muito promissora já está destinada ao esquecimento e à frustração.
Falo, evidentemente, da geração atual de jovens e dos adultos economicamente
ativos. Essa parcela da população sofre e continuará a sofrer com a falta de plenos
empregos e de espaços/incentivos para desenvolver seu potencial humano.
É um problema que a sociedade atual,
individualista e competitiva, não quis encarar. Nossos jovens estudam, se
formam e continuam se preparando para o quê? Para nada, digo sem nenhuma sombra
de medo de estar errado. Não há empregos à altura e os que existem são
preenchidos de uma maneira misteriosa, em grande parte avessa à mensagem que se
vendeu por anos, segundo a qual o mercado estaria em busca dos melhores.
Outra verdade amarga: o mercado não
está e nunca esteve atrás dos melhores. As empresas, cada uma de acordo com
seus rebaixados padrões éticos e morais, estão à cata de quem melhor se encaixa
para fazer o “serviço sujo” pelo menor preço. As empresas não querem qualidade,
mas quantidade.
Isso explica o absolutismo dos
números, dos gráficos e das estatísticas sobre uma análise racional e reflexiva
a respeito da realidade. Gerentes, dirigentes e supervisores se prendem à
objetividade para não ter o trabalho de pensar. Optam pelo boçal simplismo que
lhes assegura o contracheque.
Pior ainda são os empresários e
proprietários. Arrogam-se uma origem monárquica, não aceitando qualquer
tratamento em contrário. São, de fato, bobos da corte na função de pequenos
déspotas. Adulados de frente, viram motivo de piada e chacota pelas costas. É
assim o mundo empresarial: uma fogueira de vaidades com nuances de comédia
pastelão.
Pobre dessa geração que tem de
passar pelo crivo desses tais “líderes” para ter o “direito” de trabalhar. Esse
fator, evidentemente, tornou confusa e desesperançosa uma promissora legião de
jovens. Arrisco-me a dizer que essa é a mais criativa e ativa renovação que a
sociedade já produziu. O potencial dessa rapaziada é algo fora de série. Isso
pode ser atestado na independência de blogs, sites, comunidades, revistas,
jornais e grupos artísticos. É muita gente boa que não encontra espaço para
desenvolver o que sabe fazer de melhor.
Eu disse lá em cima: o melhor não
interessa. Logo, nossos talentos se obrigam a largar o que fazem com maestria
para fazer algo enfadonho que paga um subsalário. A longo prazo, esse processo
adoece e enfraquece as raízes e as bases de nossas crenças e valores.
Inconscientemente, passaremos esse
ranço de mágoa e decepção para nossos sucessores; eles nascerão deprimidos,
tendo de carregar o fardo de buscar uma felicidade que deveria ser instintiva e
inata.
Eu deveria reconsiderar o que disse
no primeiro parágrafo: pode ser mesmo que o mundo acabe em 21/12/12. Pelo menos
para uma geração de jovens que acredita em um planeta melhor, mais justo e que
vive como “se não houvesse amanhã”.
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