Era proibido, jamais deveria
ter acontecido, mas, quando nossos olhares se cruzaram no horizonte, foi tarde
demais para deixar de imaginar. E, atrás do estacionamento, onde ninguém nos
via ou vigiava, aquele beijo aconteceu. E aconteceu de novo e mais tantas
outras vezes depois. Eu me senti confuso, culpado, traidor. Mas meu sentimento
e aquela chama que me queima dentro foram mais fortes. E nos reencontramos em
um lugar secreto, só nosso. Lá, nossa paixão ganhou forma e nossos corpos, um
pecado. Juramos manter tudo em sigilo, para não estragar as aparências. Porém,
você gosta de provocar, de mexer na ferida. E, na presença de nossos pares,
você me sorria de maneira suspeita, me abraçava além dos protocolos e
cochichava loucuras em meus ouvidos. Aquela fervura me fazia puxá-la para os
cantos de festas e bares, consumando, ali mesmo, meu apetite de leonino voraz.
Foram tantas vezes e, com tanta intensidade, que perdemos a noção de limites.
Sem muito esconder, você me motivava a querê-la ainda mais. E eu não fugia, não
lhe negava o fogo de minhas veias. Parecia, até mesmo, que desejávamos sermos
flagrados. Mas isso nunca aconteceu, pois eu tomava meus cuidados sem você
saber. Afinal, para mim, o fruto do proibido era a melhor das mordidas e eu
jamais colocaria a perder meu prazer clandestino em troca de mais uma relação
burguesa.
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