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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Coveiros

Que tristeza, que dor de cabeça

Não sei se é o fim do mundo ou o pandemônio

Só sei que certezas não há mais

Não há mais o amanhã, a segurança do despertar

Tudo agora é nebuloso, turvo, tácito

Nada preside a providência da ação

Estamos ilhados, acéfalos, acrônicos

Estamos nos alimentando do próprio caos

Nos tornando células de nossas próprias células

Estamos canabalizando, banalizando o mal

E, assim, de assopro em assopro

Geramos o tornado letal, o vendaval

Que nos toma e nos tomba aos milhares

Não mais em dezenas e sim em centenas

Estamos em guerra, mas não com outra nação

Sim com nossa própria noção de civilidade

E, qualquer que seja o resultado, muito se sabe

Somos nós, brasileiros, os maiores derrotados

Ceifados pelas nossas próprias lanças

Destruídos por nossa própria sombra

Coveiros de nossa própria tumba

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