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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Tatuagem


Nossa relação foi intensa, vívida, visceral

Marcou não só a pele, mas também o lado espiritual

Foram anos respirando seu corpo e seus hábitos

Foi como fundir o ferro com os grãos áridos

Foi como respirar por baixo das águas

Foi como sobreviver por entre as bombas e pólvoras

Mas cá estamos, sãos e salvos

Levando nossas vidas, subvertendo o caos

Mas o verdadeiro caos não desapareceu

Ele ainda respira, em nossos peitos habita

Mas que mal há nisso?

Somos assim, produtos de nossas escolhas

Filhos de nossas próprias misérias

E, seja como for, entre dores e infinitos

Sempre carregaremos as mágoas mútuas

Como feridas de guerra

Como tatuagens de um passado não tão resolvido

Porque passaremos ainda pelas vidas um do outro

Seremos filtrados e coados como fruto indesejado

Mas, nem mesmo assim, seremos esquecidos

Porque tatuagens não podem ser totalmente apagadas

E amores verdadeiros também não podem ser ignorados

O que podemos conseguir é a convivência

Com nossas feridas e demônios mais profundos

Não é fácil, mas é possível

A receita é seguir em frente e largar o ódio

É não ter obsessão e impulsos de vingança

Quando nós esquecemos é que nos libertamos

Podendo, assim, marchar para um novo caminho

Um novo Destino em que poderemos novamente amar

Mas sem esquecer que os amores antigos

Ainda estarão ali como lembrança, como tatuagem

Mas nunca como a sentença que definirá a sombra do porvir 

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