Nossa relação foi intensa, vívida, visceral
Marcou não só a pele, mas também o lado espiritual
Foram anos respirando seu corpo e seus hábitos
Foi como fundir o ferro com os grãos áridos
Foi como respirar por baixo das águas
Foi como sobreviver por entre as bombas e pólvoras
Mas cá estamos, sãos e salvos
Levando nossas vidas, subvertendo o caos
Mas o verdadeiro caos não desapareceu
Ele ainda respira, em nossos peitos habita
Mas que mal há nisso?
Somos assim, produtos de nossas escolhas
Filhos de nossas próprias misérias
E, seja como for, entre dores e infinitos
Sempre carregaremos as mágoas mútuas
Como feridas de guerra
Como tatuagens de um passado não tão resolvido
Porque passaremos ainda pelas vidas um do outro
Seremos filtrados e coados como fruto indesejado
Mas, nem mesmo assim, seremos esquecidos
Porque tatuagens não podem ser totalmente apagadas
E amores verdadeiros também não podem ser ignorados
O que podemos conseguir é a convivência
Com nossas feridas e demônios mais profundos
Não é fácil, mas é possível
A receita é seguir em frente e largar o ódio
É não ter obsessão e impulsos de vingança
Quando nós esquecemos é que nos libertamos
Podendo, assim, marchar para um novo caminho
Um novo Destino em que poderemos novamente amar
Mas sem esquecer que os amores antigos
Ainda estarão ali como lembrança, como tatuagem
Mas nunca como a sentença que definirá a sombra do porvir
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