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sexta-feira, 30 de março de 2012

Necessária coragem

              Quando a vida da gente entra em um labirinto, como se acha saída? Ou ainda, como se descobre que a vida em si é um labirinto, que é preciso mudar os rumos e as rotas?
            Para muitas pessoas, essa certeza vem no formato de uma sufocante agonia, de uma gutural necessidade de se fazer algo diferente, novo.
            Claro que não é fazer apenas pela novidade, mas sim pelo fato de não se suportar mais aquilo que se vive. É como sentir-se estrangulado, com a forca ao pescoço a cada segundo que se passa.
            Nessa hora, nosso corpo e nossa alma pedem algo que nem sempre se está preparado para dar. No entanto, não estar preparado não exime ninguém da mudança premente e irrefreável.
            Como dói nos ouvidos alheios a decisão que se pensou tanto para tomar. É como um estouro a ferir a sensibilidade dos tímpanos, provocando a previsível indagação: "Você tá louco(a)?"
            "Sim, eu estou." é o que deliciosamente seria respondido se não fossem as malditas regras de convivência social. Aí, gastam-se preciosos tempo e palavras em uma explicação que não será entendida nem no espaço de um milênio.  
            Os olhares mostram-se incrédulos e as sílabas emperram os lábios interlocutores. Mas o pensamento é inegavelmente o mesmo: "O quê? Você vai largar o emprego?", "Sério, você vai mesmo trancar a faculdade?" "Não acredito que você vai se separar.", Meu Deus, você vai mesmo investir todo seu dinheiro nisso?".
            Apesar de tantas suspeitas, não há como voltar atrás. O martelo está batido e resta seguir em frente. Resta assumir as próprias decisões e seguir carregando o ônus e o bônus de uma guinada tão radical de destinos.
            Ainda que o medo assombre no começo dessa nova jornada, não há o que se temer, pois o mais difícil já foi superado. O momento é de estampar o sorriso na face e transformar as críticas em pétalas de rosas. Vai ser dureza, mas lá no final ficará provado que a medida certa foi tomada.
            Por que tanta certeza de que foi a decisão correta? Isso é simples. É porque foi uma decisão necessária. Coragem e fé levam muito mais longe do que a certeza rasteira de uma insatisfação garantida.

segunda-feira, 26 de março de 2012

50 chances

              Outro dia vi um filme muito bacana. Não é nenhum "oscarizável" e tampouco uma obra cult. É um filme simples. De mensagem clara e transparente. Trata-se da história de um rapaz saudável e cheio de vida que, de repente, se vê em meio a um devastador diagnóstico de câncer na coluna. Barra pesadíssima para um cara que tinha como maior preocupação manter o romântico emprego em uma rádio e administrar um relacionamento que já se encaminhava para um  inevitável e convencional matrimônio.
            Pois bem, a situação joga a vida de nosso herói de ponta-cabeça. Ele, então, enfrenta uma espartana quimioterapia. Nessa hora, cruenta e excruciante, a namorada-noiva o abandona, em meio a um escândalo de traição testemunhado pelo melhor amigo do enfermo. Que dureza.         
           Entre as ondulações de humor e de resistência ao tratamento por parte do rapaz, surgem figuras muito importantes para mantê-lo aceso e em guarda. Uma jovem terapeuta que acaba se tornando uma amante-confidente, um amigo boca suja que se prova o mais fiel e leal companheiro e uma mãe que se desdobra para cuidar do filho e do marido, vitimado pelo Mal de Alzheimer.
            Em pleno olho do furacão, o jovem vê que surge um entorno para sustentá-lo, para apoiá-lo em uma batalha que o aproxima das falanges da morte.
            Não vou estragar tudo dizendo se nosso amigo morre ou não ao final da película, mas posso afirmar que é um enredo emocionante e sensível ao mesmo tempo. Um drama pincelado com nuances de comédia, ou seria o contrário?
            Não importa. O importante é assistir e alcançar suas próprias conclusões. A propósito, o filme se chama 50/50. Nesse eu posso garantir que vale a pena dar "aquela espiadinha".

quarta-feira, 21 de março de 2012

Somos mesmo assim!!!


Somos pretos, brancos, amarelos, azuis e dourados. Somos coloridos e colorados. Somos caras e cores, somos cartas e cortes. Somos muito mais do que os olhos podem ver. Sim, sou eu. E não estou só. Tenho a presença de muitos porque muitos já sabem que óbvio vai muito além das aparências. E somos mesmo assim. Atrevidos e apaixonados, vibrantes e incorrigíveis. Por que será que teimam tanto em nos julgar? Isso não há razão de ser. Nem com base no que se vê por dentro nem com base no que se vê por fora. Quer me conhecer? Experimente. Vá além do que sua limitação lhe permite.

#diainternacionalcontradiscriminaçãoracial

segunda-feira, 19 de março de 2012

Facebook ou Twitter?


          Imaginem que esse seja um clássico dos desportos, um jogo de futebol a mobilizar multidões e paixões. Bom, nessa hipótese, lá estaria eu paramentado como passarinho azul, ao lado dos "followers". Mas por que isso?
            Posso dizer que essa preferência absurda pela rede social menos imagética se deve a minha preferência pelo código linguístico. OK, fotos e recados de amigos são legais e nós adoramos. Porém, nenhuma rede social nos dá maior sensação de estar no mundo do que o Twitter. Nas asas do passarinho, sabemos o que o mundo inteiro anda buchichando, damos nossas opiniões sobre o que está acontecendo e entramos em contato imediato com trendsetters.
            Além disso, o Twitter, embora em mudanças, foi planejado para ser uma ferramenta essencialmente textual. Para alguém com meu perfil, é o encaixe perfeito. Só preciso liberar minha criatividade e lá está mais um tweet. É o máximo.
            Então, é hora de largar o brinquedinho do Mark Zuckerberg? Não, ainda não. O brinquedinho de bilhões de dólares, por incrível que pareça, é essencial para a imersão social nos dias de hoje. Dificilmente, conhecemos alguém pelo Facebook. No entanto, reencontrar antigos amigos e amores nunca foi tão fácil. Ponto para o nerd pilantra.
            Dessa forma, surge a seguinte interrogação: a que ponto essa discussão toda nos leva? Simples, Twitter e Facebook são coisas diferentes. Alguns preferem este e outros, aquele. Tudo bem quanto a isso. Logo, se são diferentes, por que postar o mesmo conteúdo nos dois? Pensem bem, sejam criativos e depositem o seu melhor na interface que lhes é mais agradável. A diversidade na ciberesfera agradece.
            E eu, como fã incondicional do passarinho, vou-me embora para a Pasárgada do Twitter. Entretanto, se eu quiser bater aquele papo com o Manuel Bandeira, não será difícil encontrá-lo no Facebook, não é mesmo?

sexta-feira, 16 de março de 2012

Aos amigos


          O que leva os amigos a perderem uma noite de sexta escutando e contando histórias que todos conhecem? O que leva os amigos a jogarem sinuca, quando todos já sabem quem vai ganhar e quem vai perder? O que leva os amigos a rirem das mesmas piadas de sempre?
        A verdade é que não tenho uma resposta para essa indagação. Talvez seja porque amigos queiram estar juntos simplesmente pelo fato de serem amigos. Cada um sempre compartilha o melhor si com aqueles de quem gosta.
         Entre amigos, o inenarrável ganha formas e cores. Só amigos são capazes de entender aquilo que não confessamos a ninguém, só a força da amizade faz uma tragédia parecer a mais inspirada das comédias.          
        Amigos são assim mesmo. São os primeiros a rir de nós e os primeiros a nos estender as mãos. Amigos são o elo que escolhemos estabelecer por nossa própria decisão, sem imposições genéticas ou sociais. Amigos são amigos por pura e genuína opção.
         Amigos são aqueles que nos abraçam simplesmente porque acabaram de nos encontrar.  Amigos são aqueles de quem gostamos sem razões ou interesses. Amizade é inexplicável, intransitiva e intransferível. Amigos, um abraço a todos vocês. #tamojunto

segunda-feira, 12 de março de 2012

A farra das construtoras


            Que as construtoras no Brasil não têm o menor respeito pelo consumidor, isso todos sabemos. Aí está a Encol para nos lembrar disso. Construtora entende mesmo é de pagar propina e mordomia para políticos e altos funcionários do poder público. Nesse campo de atuação, ninguém é tão cirúrgico e proficiente.
            Agora, se estamos do lado de cá da história, no papel de consumidores, os fracos e oprimidos sem heróis, a coisa muda totalmente de figura. Os prédios e apartamentos, lindíssimos nos folders e vídeos, não são tão lindos assim in loco. Os prazos, uma obsessão de toda construtora (pelo menos nos documentos e campanhas publicitárias), são descumpridos sem cerimônia ou rubor de faces. Fora as falhas e incongruências em relação ao projeto original, base sobre a qual se paga o valor exorbitante de um imóvel.
            Se fosse uma piada, estaríamos todos rindo, às gargalhadas. No entanto, a verdade é que se trata de um assunto sério. Somos reféns de bandidos engravatados, de empresários que enganam consumidores, usurpam sonhos familiares sem um pingo de dor na consciência. Punição? Bom, é o que a lei diz. O problema é que, como dissemos lá em cima, os magnatas da construção têm políticos no bolso e aos montes. Dessa forma, estão blindados por todos os lados.
            Mas não é hora de se calar. Nossa voz e nossa liberdade, bens que custaram um banho de sangue às gerações anteriores, estão ao nosso dispor, vamos usá-las com sabedoria e união. É hora de dizer a esses bandidos de colarinho o que eles são e a palavra é essa mesma "bandidos".
            Não vamos parar enquanto as construtoras não forem corretas e transparentes, enquanto não cumprirem os prazos e os contratos. Vamos em frente, vamos agir, sabemos e fazemos a hora, não esperaremos acontecer.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Às mulheres

 
        Ser mulher é ter pétalas para encantar e espinhos para se proteger. Mulheres unem sensibilidade e razão em um só pensamento. Enxergam além do óbvio, sem jamais se esquecer das emoções. São surpreendentes e irresistíveis. Choronas e guerreiras. São forjadas por um aço maleável, que se dobra por um carinho acolhedor ou uma palavra doce. São boas ouvintes, mas nunca perdem a chance de dizer o que pensam. São mães e amantes. A primeira e a última companhia de um homem. Mulheres, vocês são mesmo nosso maior mistério. Não entendemos sua lógica, mas, exatamente por isso, a invejamos tanto em segredo. Parabéns a todas pelo Dia Internacional das Mulheres!!!

quarta-feira, 7 de março de 2012

É trote!!!???

                 Não vou defender essa prática que muitos consideram um rito de passagem. Não sei dizer ao certo se é bom ou ruim. A verdade é que, quando fui calouro da faculdade de Comunicação Social da UFJF, fugi do trote me ausentando da primeira semana de aulas. Minha punição foi assistir a um dia de aulas todo sujo de tinta, com um chapéu de palhaço. Nada além disso. No período seguinte, na condição de veterano, acabei me excedendo com os novatos, tendo atitudes vergonhosas, bancando um machão de faculdade que não cabe nem em uma caverna habitada por neandertais.
                Nos períodos seguintes, me afastei dos trotes, limitando-me a olhar de longe o que acontecia. Vale ressaltar que naquela época, pelo menos na faculdade de Comunicação da UFJF, a recepção aos novos alunos era light. Talvez hoje as coisas estejam um pouco mais pesadas. Nem sei.
                Minha opinião é a seguinte: o trote é voluntário e, por isso, participa dele quem assim deseja. Comigo foi assim e imagino que não seja tão diferente em outros cursos e universidades. Ninguém vai ser forçado a se sujar de lama ou tinta, ninguém vai pagar King Kong e esmolar pelas ruas por obrigação.  Caso haja algum tipo de constrangimento ou coação, senhores calouros, comuniquem aos coordenadores de curso e aos demais agentes universitários responsáveis. Também cabe aos centros de ensino tomarem atitudes mais enérgicas, no lugar de lavarem as mãos como se fossem  os Pilatos do ensino superior.
                Agora, para fechar esse assunto, vou dizer que abolir o trote seria de uma evolução darwiniana. Endosso, nesse sentido, a tese do meu amigo Bruno Falabella, segundo a qual o trote deve ser extinto para dar vez a uma recepção produtiva aos calouros, repleta de atividades culturais, acadêmicas e solidárias. Acho que esse é mesmo o caminho para os universitários, ainda tão fraldinhas, saírem dos anfiteatros acadêmicos um pouco mais inteligentes do que entraram.