Total de visualizações de página

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Para sempre Carol


Foi difícil esquecer aquela cena. O fogo, o desespero, o sangue sublinhando o horror estampado nos olhos. Carolina estava morta. Eu olhava e não acreditava. Não podia ser real, não podia estar acontecendo. Pessoas me arrancaram do carro só porque em algum momento eu desmaiei.
Acordar horas depois só trouxe frações de alívio porque quis negar o real, acreditar que era só um pesadelo. Porém, o pesadelo estava vivo e Carol, morta. Chorei lágrimas de sangue e minha recuperação foi lenta. Tão lenta e arrastada quanto a minha vontade continuar vivendo. Tudo se misturava: dor, fúria, amor, paixão, culpa, ressentimento, saudade, revolta... Meus pensamentos estavam mergulhados em um liquidificador que não me deixava reunir os cacos.
Pensei no fim, em encurtar minha existência. Faltou coragem ou talvez tenha batido medo de não existir mais nada além da vida. Não importa. Decidi continuar respirando meu sofrimento.
A paz só me vinha nos sonhos, quando Carol me visitava, dizendo estar bem, dizendo para eu não me torturar ainda mais. Ela alisava meus cabelos com uma das mãos e se deitava comigo. Era aquela vida a única a fazer sentido.
Tomei vidros e vidros de narcóticos. Só queria repousar. Talvez Carol não quisesse me deixar ir. Talvez ela tivesse os mesmos medos. Talvez ela só estivesse viva na condição de eu também estar. Com um beijo nas mãos, eu a deixei e acordei um pouco melhor.
Retomei pedaços de pedaços do meu cotidiano. Resgatei alguns amigos e alguns prazeres. Dormi cada vez menos e as visitas dela escassearam. Descobri uma nova pessoa. Não uma substituta, mas uma parceira. Compartilhei meu carma e, em retorno, obtive algumas confissões inéditas. Cruzamos linhas e aproximamos nossos corações.
Havia uma esperança no futuro. Havia muito mais de Carol em mim do que eu supunha. Absorvi dela muito mais do que esperava. Carol e eu estamos juntos para sempre. Em todas as vidas e em todas as formas de existência. Carol sempre será minha tatuagem, minha liberdade prisioneira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário