Não precisa me contar ou me
explicar. Eu estava lá também. Vi como tudo aconteceu. As lágrimas e as
feridas, os corações despedaçados. Agora, entendo um pouco do tanto desse
mundo. Nós, humanos, criaturas em eterno estado de formação emocional, não
estamos preparados para dor da perda, para dizer adeus. Nós, esse humanos, às
vezes tão desumanos, precisamos lidar a cada dia com nossa própria tragédia.
Nem sempre é igual. Para alguns, algo tão simples se torna tão sério e
sobrenatural. Para outros, o maior dos dramas é encarado como um arranhão ou um
corte tratado na base do band-aid. Somos imensamente antagônicos de nós mesmos,
somos um reflexo invertido de nossa própria imagem. Então, precisamos mesmo de
muita meditação e empatia. Precisamos cuidar de nosso espírito de
solidariedade, porque, muitas vezes, nesse processo é que estaremos cuidando de
nós mesmos. Antes de julgar, é preciso cuidar e saber compreender o que ao
outro aflige. Diante do caos e do desmonte alheios, seja humano e ofereça apoio
e consolo. Em singelos atos e palavras, estaremos, pouco a pouco e do nosso
modo, salvando vidas e salvando o mundo. Então, como eu estava lá também, eu
pude fazer o que era certo. Pude abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. Se não
ficou assim para sempre, ao menos, por um momento, aquelas pessoas, ali tão
abaladas, se sentiram amparadas e seguras, o que foi muito melhor do que serem
apontadas e apressadamente responsabilizadas por algo que nem elas mesmas
entendiam bem.
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