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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Por um momento



Não precisa me contar ou me explicar. Eu estava lá também. Vi como tudo aconteceu. As lágrimas e as feridas, os corações despedaçados. Agora, entendo um pouco do tanto desse mundo. Nós, humanos, criaturas em eterno estado de formação emocional, não estamos preparados para dor da perda, para dizer adeus. Nós, esse humanos, às vezes tão desumanos, precisamos lidar a cada dia com nossa própria tragédia. Nem sempre é igual. Para alguns, algo tão simples se torna tão sério e sobrenatural. Para outros, o maior dos dramas é encarado como um arranhão ou um corte tratado na base do band-aid. Somos imensamente antagônicos de nós mesmos, somos um reflexo invertido de nossa própria imagem. Então, precisamos mesmo de muita meditação e empatia. Precisamos cuidar de nosso espírito de solidariedade, porque, muitas vezes, nesse processo é que estaremos cuidando de nós mesmos. Antes de julgar, é preciso cuidar e saber compreender o que ao outro aflige. Diante do caos e do desmonte alheios, seja humano e ofereça apoio e consolo. Em singelos atos e palavras, estaremos, pouco a pouco e do nosso modo, salvando vidas e salvando o mundo. Então, como eu estava lá também, eu pude fazer o que era certo. Pude abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. Se não ficou assim para sempre, ao menos, por um momento, aquelas pessoas, ali tão abaladas, se sentiram amparadas e seguras, o que foi muito melhor do que serem apontadas e apressadamente responsabilizadas por algo que nem elas mesmas entendiam bem.

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