Eu sempre fiz caretas para os gatos. Acho que são criaturas
narcisistas, egoístas e extremamente indiferentes. A única vez na vida em que
tive gato terminou mal, e rápido. O danado fugiu de casa sem dar pistas ou
deixar rastros. Depois disso, só abrimos nossas portas para cães. E vieram
muitos: Lady, Pamela, Kita, Raisha, Jeremias e, por fim, Furiosa. Todos bichos
muito singulares entre si, mas bastante amáveis e zelosos. E assim minha vida
se desenhou canina e muito feliz. Recentemente, porém, tive a chance de
conhecer melhor dois bichinhos muito especiais. Jack e Zog (na verdade é Zig,
mas eu chamo de Zog porque eu gostei do nome e para irritar a mãe dele, claro).
Jack é um bebê ainda, mas muito arisco e ousado. Ele, mesmo bem vigiado, se
pendura em beirais, faz estripulias e se aventura nas cobertas e varandas dos
prédios vizinhos. Praticamente um ginasta peludo ou então um adepto do parkour.
O Zog é outro esquema. É criado bem solto, com a porta de casa entreaberta para
sair e voltar quando quiser. Ele passa noites fora e dias inteiros sonecando na
superfície de um sofá bem macio. É manhoso e agarrado com a mãe, como não
costumam ser esses bigodudos. Quase um cachorro que mia, como bem define sua
cuidadora. Demorei para me permitir. Mas
esses felinos me ganharam. Primeiro, com alguns miados tímidos. Depois, com a
ousadia de quem me sobe os ombros como se papagaio fosse. Ainda prefiro os
cães, mas sem dúvidas o Jack e o Zog me fizeram olhar para esses bichinhos um
pouco menos desconfiado e bem mais apaixonado. Eles venceram, enfim. Malditos
felinos.
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