Parecia até um enredo
de comédia romântica, mas era vida real. Minha vida, aliás. A mocinha, linda e
plena, conhece um rapaz tímido, mas do bem. E aí eles se envolvem em um arco
elétrico, tântrico e único. Apaixonam-se e fazem juras. Só que toda comédia
romântica que se preze oferece um anticlímax. Alguém para ameaçar a harmonia do
casal feliz. E esse alguém era uma pessoa indeclinável. Bonito, jovem, bem-sucedido.
Um cara do esporte e que pratica benevolência. Um cara atlético, mas também
muito culto. Um querubim com o corpo de uma divindade grega. Como competir com
esse cara? Com entrar no campo de jogo para desafiá-lo? Ele riria e a puxaria
pelas mãos me deixando sozinho e desolado. E assim foi, só que não desse jeito.
Ele, educado e respeitador, foi conversando aos poucos, sem muito interesse.
Mas depois foi do interesse para o flerte e do flerte para os lençóis. E nessa
história quem acabou tomando o maior lençol fui eu. Tive que vê-la se mudando
para a cidade dele, vivendo para com ele ficar. E eu fiquei sozinho,
perturbado, angustiado. Ela não responde mais minhas mensagens, não me segue em
rede social e ainda me bloqueou em todos canais. E agora, como faço, como me
viro? Eu não tive essa resposta por um bom tempo, coisa de meses, até que o
telefone tocou. Primeiro, sem voz, apenas uma respiração frágil e trêmula.
Depois, as primeiras palavras vieram e, por fim, um convite para um encontro
fortuito. Do fortuito, fomos para a paixão resgatada dos recônditos da saudade.
Novas lágrimas, novos orgasmos, novas dúvidas. Com quem ela vai ficar? Quem ela
quer, afinal? O jogo virou para mim ou perdi de goleada? Quer saber? Nem me
importo mais. A vitória para mim é poder tê-la, mesmo disputando contra o time
mais forte que já enfrentei. Se eu perder, vai ser de peito aberto, atacando o
tempo todo. Mesmo que prevaleça a lógica das casas de apostas e de quem já
entrou em campo com o todo o favoritismo a seu lado. Ainda assim, ficarei de
cabeça erguida e muito vivo. Afinal, a vida não precisa ser sempre uma comédia
romântica, mesmo que às vezes, insistentemente, assim queira ser.
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