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domingo, 6 de setembro de 2009

Casas que choram

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Minha casa, minha vida. Meus deuses e meus orixás. Meus tabus e meus totens. Um movimento em ondas e curvas, uma física centrífuga e uma crença carnívora. Um elefante em meu prato e uma lança em meu coração. O esôfago sibilante e os neurônios em frenesi. Uma corrida de moluscos, uma nave sem escudos. Sentidos e centavos. Sorrisos encurvados. Minha direção é o satélite que gravita. Jornadas e Júpiter. Espinhos e dinossauros. Quero ser a pré-história de seu novo universo. A Europa e a América. A África e seus índios. Os negros da Oceania e a realidade de Atlântida. Quero horizontes e planos. Quero ser ingênuo em seus enganos. Sou a criança viajando na janela de ilusões. Um pulsar firme que nos torna multidões. Cozinha e costura. Mãos de mulher, trator e tesoura. Nesse ritmo, musical e gastronômico, carregamos as caixas de nosso destino. Mudança e morte. Mutação e massa. O norte de nossos desejos é o oeste de meu pesadelo. Bússola e bolha. Sua língua e minhas sementes. Minhas plantas e suas raízes. Caule e cabeça. Um novo ser, um novo desenho. O mapa-múndi do seu corpo e o cubismo de meus sentimentos. Um dedo e dado. Uma ferida e um quadrado. Quero voar pelo abismo, escalar as nuvens, mergulhar no penhasco e nadar nas labaredas. Sou um pouco de tudo, um grão de areia e o magma da Terra, uma gota de suor e uma molécula de desespero. Sou a vida transformadora e a passagem reveladora. Saltos quânticos e questões bubônicas. Dimensões e fulcros, peso e pilastra. Nossa casa, nossa vida. Saudade solitária. Amores refratários. Um fim de recomeço. Um adeus e seja bem-vinda.

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