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sexta-feira, 11 de junho de 2010

A taça é nossa


           A saga da seleção brasileira rumo ao hexacampeonato será difícil. Para muitos, Ganso, Neymar, Ronaldinho Gaúcho e Adriano deveriam estar lá, entre os 23 escolhidos por Dunga para lutar pelo título da Copa do Mundo.
Numerosas são as vozes a bradar o exílio de Felipe Melo ou o desterro de Elano, peças inócuas e desprovidas de mínimo talento para vestir a camisa dourada brasileira. Gilberto Silva, Josué, Ramires e Grafite também não são os favoritos dos torcedores. Acusam-nos de praticar jogo burocrático, previsível, insosso. Kaká e Juan já eram, sofrem de lesões crônicas e irão se arrastar em campo enquanto o Brasil sobreviver nas savanas sul-africanas. Enfim, o que se desenha no horizonte de nosso time estrelado é um Apocalipse, uma morte anunciada.
Dunga, coitado, é um pobre ex-jogador que embarcou na aventura de ser treinador do Brasil. É inexperiente, inseguro e só se mantém no cargo por ter obtido, a custos milagrosos, resultados de impacto. Além disso, como gosta de enfrentar a imprensa. Como gosta de receber jornalistas a pedradas, defender-se de ataques inexistentes e enxergar inimigos fictícios.
Pois bem, tudo isso tem um pouco de verdade, de razão. Dunga é mesmo inseguro e compra brigas sem motivo. O time brasileiro não é lá essas coisas. Poderíamos ter montado um grupo bem mais alegre, empolgante, de futebol bonito e espetáculo garantido.
No entanto, nunca senti um título mundial tão próximo, tão real. Entrarei em estado de choque, caso o elenco de Dunga não chegue pelo menos nas finais. Tal rompente de confiança não é ufanismo nem fé exacerbada. Trata-se apenas de uma análise, profunda, fria e racional.
O Brasil, de hoje, tem um goleiro tão espetacular quanto o Coliseu de Roma. Uma defesa formada por gladiadores destemidos e seguros. Um meio de campo consistente que marca com eficiência e não deixa o adversário criar por ali. Temos laterais com pulmões de aço, capazes de atacar e proteger os flancos. Na construção de jogadas ofensivas, temos Kaká e podemos ainda lançar mão de Daniel Alves e Ramires para romper barreiras. Sem contar Gilberto e Michel Bastos que, laterais na seleção, são meias ofensivos em seus clubes e podem ser incumbidos dessa tarefa. Na conclusão, Robinho e Luís Fabiano formam uma dupla de avantes que não fica devendo a nenhum outro ataque desta Copa. Portanto, a equipe brasileira pode não ser tão brilhante, mas é eficaz e estável.
Outro dado importante registrar é que, na história recente das Copas, os vencedores não são times formidáveis, que massacram seus adversários e triunfam sem um pingo de dramaticidade. Uma releitura dos mundiais disputados nos últimos 24 anos prova que o pragmatismo vem se impondo sobre o talento e o show. A última seleção campeã do mundo que apresentou um futebol majestoso, poético, de encher os olhos foi a Argentina de Diego Maradona em 1986. Depois, só foram exitosos os combinados nacionais pragmáticos e adeptos do futebol de resultados.
 Em 1990, vimos uma Alemanha sem brilho ganhar. O Brasil, em 1994, também foi campeão sem encantar (salvo alguns lances mágicos de Bebeto e Romário). A França de 1998 foi a vencedora, mas não deu show (com exceção de Zidane, única reserva de talento dos Le Bleus). Campeão novamente em 2002, o Brasil do Felipão era um time de três zagueiros e dois volantes. A prova de que aquela equipe não era sensacional (embora contasse com Kaká, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo) foram as vitórias sofridas sobre a Turquia. O Brasil, além disso, teve dificuldades contra os pesados times da Inglaterra e da Alemanha. Goleadas? Só em cima das quase amadoras seleções da China e Costa Rica. Por fim, a Copa de 2006 coroou a Itália, considerada por todos a pior das seleções entre as favoritas. Apostando na experiência de seus medalhões e em um futebol sem inovações, a Azurra garantiu seu quarto título.
Observando esse panorama aí de cima, sinto grande conforto em acreditar sim que o hexa já está na mão. Aquela taça linda já se prepara para ser soerguida pelas mãos vigorosas do capitão Lúcio. Só espero agora que o Brasil encare Espanha e Argentina pelo caminho, para ter um pouquinho mais de graça.

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