Ela
me beijou pela última vez, antes de ir embora. Deixou para trás um vácuo de
saudades e dores repartidas. Ainda sozinho, entre as penumbras e as sombras,
fico recordando como tudo se deu, como tudo mudou da magia para a tragédia. Não
sei como pude me perder, como pude enveredar por entre descaminhos e labirintos.
No fundo, de tudo que perdi, perdi a mim mesmo. Perdi a alegria de sorrir, a
vontade de cantar e a luxúria pela escrita. Tudo que escrevo agora são linhas
mentais e imaginárias que telepaticamente envio para minha antiga amada, como
forma de perdão, como sussurrada depressão. Os dias passam, às vezes lentos, às
vezes como um raio. Em muitos deles me deito e engulo a dor em forma engarrafada.
O luto se perde em ressaca, em noite mal dormida, em manhã de dores e de
agonia. Como ferro corroído, a dor instalada também se transforma. E essa nova
forma ainda é enigma, ainda é incógnita. Não sei dela o que fazer nem mesmo o
porquê de algo fazer. Só sei que vou indo, luz após luz, luar após luar,
andando em frente, mas um tanto devagar. Talvez de tanto divagar, as respostas
que tanto procuro me apareçam e aí esse triste pesadelo será tanto peso como um
elo para algo que vivi e que com quem muito aprendi.
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