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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Transformação



Eu sou assim. Sorriso largo, abraço apertado e, às vezes, beijo disfarçado. Eu sou assim. E nada faço para ser diferente. E é porque não quero nem preciso. Sou o que se vê ao nítido, o espelho refletido, a lágrima do incontido. E assim serei. Sem amarras, sem frescuras, sem neuras. Eu acordo, abro olhos, tendo entender onde estou e depois sigo em frente, traçando meu mapa enquanto percorro o próprio caminho. Minhas melhores aventuras não aconteceram sob encomenda ou devidamente planejadas. Foram experiências que apareceram do nada e me arrebataram como um carma. E eu adorei tudo. Até mesmo o que machucou porque ali algo aprendi. E assim vou. Motores ligados, vidros abertos e som no máximo. No caminho, o que eu encontrar é sempre desatino ou, quem sabe, golpe de mestre desse incensado Destino. Eu não tenho medo, eu não ligo para o perigo. Meu maior risco é ficar parado enquanto o tempo passa e nada acontece por inércia e também merecido castigo. Eu não quero isso. Viver é ser livre, é respirar pelo espírito. Quem muito pondera nada celebra. Quem muito enxerga nada observa. Sou muito mais do que cinco sentidos, muito mais do que do abismo fugitivo. Sou aquele cara parado na esquina, sou o cão que foge sem saber o caminho de volta. Sou o fogo que queima a água, a água que derrete a terra, o terra que banha o mar. Sou assim, um tanto verdade e muito da mentira. Porque a verdade vai além da verdade, da vaidade, da veleidade. A verdade vai onde está a vontade, onde coração palpita. Eu sou assim. Olhos que gritam, bocas que alimentam, pulmões que pulsam, ouvidos que transpiram. Não tenho nada a ver com as certezas platinadas de um sucesso. Meu êxito é ser, ainda que em fracasso, espontâneo e poético, cruel e romântico, visceral e atlântico. E assim, até que enfim, entre as flores de um jardim, acharei o significado de tudo e de todos os boatos. Do tanto dito e do infinito não confesso, o real valor de todas as somas é a estrada que me trouxe ao limite e tudo que dela absorvi. No fim, eu sou mais o caminho percorrido do que todo o tempo engolido. Sou mais aquilo que pisei do que no que me transformei.

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