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sexta-feira, 13 de julho de 2012

A mesa de bar


O que é uma mesa de bar? Para as senhoras e senhoritas, é um antro de perdição, onde os pretensos machos-alfa desfiam seu rosário de conquistas amorosas e traçam suas próximas metas sexuais. Na visão masculina, é um Nirvana flutuando paralelamente ao eixo espaço-temporal. É o fórum onde nossas histórias ganham espectadores, onde nossas narrativas encontram leitores assíduos e interessados. Até mesmo nossos sofrimentos são transformados em atração alheia, devolvendo-nos em retribuição abraços, conselhos e camaradagem masculina.
Como não gostar de um ambiente onde somos ouvidos, onde a cerveja é gelada e o papo, quente? Como não se sentir em casa diante de novos e velhos amigos, diante daquelas velhas histórias de sempre e até mesmo das novas mentiras? É bom estar entre os nossos, melhor ainda é estar entre os nossos em nosso habitat genuíno.
Até me arrisco a dizer que a mesa de bar é um lócus antropológico, onde a lógica perde para o hedonismo (salve, Baco) e os papéis se invertem sem constrangimentos. Na mesa de bar, partilhamos nossas primeiras experiências e nossas primeiras frustrações – duvido que agora alguém deixou de lembrar do Reginaldo Rossi cantando “Garçom”. A mesa de bar nos ensina a sermos cavalheiros e a sermos canalhas em igual proporção. A mesa de bar inspira os artistas e traz à tona nossos sentimentos mais sinceros.
A mesa de bar revela segredos e fantasias, traz à tona inconfessáveis testemunhos e possibilidades nunca antes cogitadas. Em suma, amigos, a mesa de bar quebra paradigmas e democratiza as relações humanas, como mostrou com perfeição o genial Álvares de Azevedo em seu verossímil “Noite na Taverna”.
A mesa de bar nos encoraja a tomar aquelas decisões que estamos adiando há séculos (trocar de emprego, largar a namorada chata, fazer uma viagem, frequentar uma igreja, chamar alguém legal para sair, deixar a casa dos pais, fazer as pazes com algum desafeto...). A mesa de bar também é cultura, pois ela aproxima intelectuais e iletrados sem distinções ou fronteiras, permitindo que todos aprendam com todos, pois todos temos muito a ensinar e a aprender. Aliás, isso também é humildade, outra lição das távolas de bar.
Poderia passar mais alguns parágrafos falando da mesa de bar e dos milagres que opera na vida de um homem, mas isso nem é necessário. Basta dar uma olhada no filme nacional “E aí, comeu?” que vocês vão entender com mais propriedade o que eu estou dizendo.
Então, para fechar essa apologia às rodas de boteco, só posso fazer um pedido singelo às senhoras e senhoritas: Liberem seus namorados e maridos para papearem com os amigos no barzinho da esquina de vez em quando. Esse ritual é parte integrante do manual da felicidade masculina e ajuda o homem a manter os elos preciosos de sua vida como amizade, família, trabalho, sexo, projetos pessoais, etc.
Agradecemos desde já, queridas, por suas elogiáveis compreensão, companheirismo e empatia. Prometemos recompensar-lhes com cafunés, comédias românticas, bombons recheados, flores, beijos apaixonados, jantares chiques e uma tarde de compras naquele shopping super badalado, não necessariamente nessa ordem e com prévia consulta orçamentária.

2 comentários:

  1. O texto ficou bom só não gostei no momento que foi colocada que nós mulheres temos que liberar os namorados para o bar, pois sabemos que isso a saída para o bar pode acontecer algo que prejudique a fidelidade. A citação do filme foi bacana eu assisti e gostei.
    Acho que o direito de ir para o bar tem que ser igual para os dois lados.

    BJS RL

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    1. Oi, RL. Com certeza, o direito de ir aos bares curtir um bom bate-papo com amigos compete tanto a homens quanto a mulheres. Já em relação à fidelidade, posso garantir que nem rola pegação em bar. Em geral, é só mesmo uma bebida e uma boa conversa. Se alguém quiser algo mais, fica para a balada, no caso dos solteiros. Aliás, você viu no filme, né? Nenhum dos caras pegou mulher no bar, ficou só mesmo no papo furado. É isso. Um abraço!!!

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