Chorão morreu. Com ele, morre também a
banda Charlie Brown Jr. e um pedacinho dos anos 90. Nessa década, tudo foi
muito marcante para mim e o primeiro contato com Transpiração Contínua Prolongada (primeiro álbum dos caras, se não
me engano) não podia ser diferente. Não era um som inovador, mas era música de
pegada e atitude, um verdadeiro exercício da rebeldia adolescente. Não teve
jeito: quase todos da minha geração se apaixonaram por aquela sonoridade
politicamente incorreta.
Em
1999, no stress dos meus estudos para o vestibular de Comunicação Social da
UFJF, escutar “Zóio de Lula” era
terapêutico. Derramava-me esperança de que, depois daquela correria toda, eu
teria ainda uma vida inteira pela frente para curtir.
No
final de 2000 (tenho quase certeza de que foi em 2000 mesmo), a banda veio a
Juiz de Fora e fui ao show, com meu parceiro Markin Larcher. Confesso que, do
show mesmo, vi muito pouco (bebidas e garotas eram nossa prioridade naqueles
tempos), mas valeu a pena escutar alguns dos hits que eu tanto amava. Claro que
cantei “Zóio” a plenos pulmões.
A
vida seguiu seu curso (arranjei namorada, me formei, consegui emprego), mas
duas coisas mantiveram-se intactas: meu apreço pela banda e minha amizade com o
Markin.
Então,
já em 2008, os caras tinham apresentação marcada para JF. E não é que fomos?
Fomos e curtimos muito os sucessos antigos, os atuais e os que ainda estavam
nascendo. Chorão demonstrava maturidade, estava mais família, embora ainda tivesse
aquela velha energia rebelde. Observando bem, não é que nós também estávamos
assim: maduros e rebeldes? Conscientes de nossa responsabilidade, mas, ao mesmo
tempo, com aquela vontade de mudar o mundo e fazer diferente?
Infelizmente,
esses shows serão, daqui para frente, uma lembrança bacana (mas também amarga)
de tempos que nos transformaram. O pior mesmo, porém, será ficar com essa
sensação de orfanato musical. É natural que se morra, pois a vida exige isso. Porém,
já não temos mais artistas como Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller, Tim Maia,
Raul Seixas... Até mesmos os Mamonas Assassinas fazem uma falta terrível.
Isso
nos deixa carentes de boa música; forma-se uma lacuna que não pode ser
preenchida. Além disso, essa nova geração, colorida e monossilábica, é
decepcionante. Choraremos muito pela ausência da sagacidade poética de um cara
cujo “coração batia na sola pé”. Mas, no fim das contas, valeu demais por tudo,
CB Jr. Essa banda e esse choro jamais serão esquecidos.
“...Você deixou saudade...”
Show do CB Jr. (JF/2008 (estivemos lá)
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