“Quem
te vê passar assim por mim
Não sabe o que é sofrer.
Ter que ver você assim sempre tão linda.
Contemplar o sol do teu olhar, perder você no ar
Na certeza de um amor
me achar um nada,
Pois sem ter teu carinho
eu me sinto sozinho
eu me afogo em solidão...
Não sabe o que é sofrer.
Ter que ver você assim sempre tão linda.
Contemplar o sol do teu olhar, perder você no ar
Na certeza de um amor
me achar um nada,
Pois sem ter teu carinho
eu me sinto sozinho
eu me afogo em solidão...
Oh Anna Juliaaaaa (2x)...”
Confesso. Apesar de Anna Júlia ser uma balada bem chatinha, eu adoro essa música. Posso
ouvir várias vezes em um mesmo dia, mas claro que não todos os dias. Já meu
irmão Davi odeia, não só a música, mas também a banda Los Hermanos. Faz parte. Afinal, Anna Júlia encheu o saco durante um bom tempo, foi uma espécie de Ai se te pego do inicio dos anos 2000.
Bom, quero
explicar porque gosto dessa música e também porque ela me representa um
paradoxo. Acho que Anna Júlia começou
a ser escutada nas rádios em 1999. Nessa época, eu era um cara um pouco
frustrado com minha, digamos assim, carreira amorosa. Mesmo relativamente jovem
(tinha lá meus 17 anos), já acumulava naquele tempo duas paixões não
correspondidas que doíam fundo na alma. Então, temos um cara que pegava quase
ninguém, com um coração eivado de frustrações sentimentais e, de repente, ele
ouve Anna Júlia. Voilà. Identificação
imediata e irrestrita. Foi assim que essa maldita Anna Júlia entrou na minha
vida, começando pelos ouvidos, antes de contaminar todo o resto.
Porém, o tempo
passou e eu fui pegando o “jeitinho” com as garotas, ficando um pouco mais
esperto e honesto nas minhas relações. Ainda assim, não parei de gostar nem de
escutar a música. Estava lá no meu playlist, misturada com Engenheiros, Legião,
Paralamas, Nirvana e outras coisas.
Em 2001, lá
estávamos no carnaval de São João Nepomuceno e o que tocava junto com os axés? Anna Júlia,
this fucking bitch always everywhere. Não teve jeito: bêbados, solteiros e desajuizados, cantávamos Anna Júlia como se fosse um hino de
nossa liberdade amorosa.
Liberdade
amorosa? Opa, peraí. Tem alguma coisa errada. A música é um mela-cueca danado,
fala de um zé mané que fica sofrendo por conta de uma garota que o rejeita,
como isso pode ser hino de liberdade amorosa, embalar a folia onde a pegação
come solta, onde ninguém é de ninguém? Pois é, mas foi exatamente isso que
aconteceu. Anna Júlia abençoou muito
amor de carnaval, muita curtição sem compromisso.
Então, para
dessacralizar de vez Anna Júlia,
alguém teve a brilhante ideia de chamar todas as garotas que se conseguisse
beijar de Anna Júlia. Simples assim: a garota beijou um cara da turma, virou
Anna Júlia. Isso era bom porque brincava com a música e ainda nos livrava de
decorar nomes que o álcool nos fazia esquecer.
No final do
daquela folia, ninguém aguentava mais a Anna original nem as genéricas. E assim
construiu-se o paradoxo: a Anna dos virgenzinhos virou a musa dos pegadores.
Anna do amor infinito para o tesão libertino. E assim foi até a quarta-feira de
cinzas: quando as duas versões da mesma Anna
Júlia pulverizaram nas vidas que voltavam ao normal.
Mais uma
confissão: quando bate uma saudade daqueles tempos e daquela galera, não tem jeito:
ressuscito a finada Anna Júlia e
coloco o Camelo pra cantar aquela música que, alguns dizem, ele tanto detesta.
Quem quiser pode curtir essa versão ao vivo no link ao lado, que está muito bacana => http://www.youtube.com/watch?v=JU9xbeQOUCw
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