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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Craque


Craque que é craque é craque, com qualquer camisa, sob qualquer escudo e com qualquer sotaque. Ser craque é ser por inteiro e não pela metade, é carregar a bola e fazer o gol, mas também é abrir espaço e dar o passe. Ser craque é ser mais do que ser decisivo, é ser útil, é, muitas vezes, abrir mão do protagonismo para ajudar a equipe, é ser um coadjuvante de luxo, para que o coletivo possa brilhar e sair vencedor. O craque erra, mas, acima de tudo, se redime, faz as pazes com a torcida, seja com uma jogada genial, um gol de placa, um falso deslocamento que puxa a marcação enquanto o companheiro fica de frente para gol e decide a partida. O craque não tem medo nem se vitima por um erro de jogo. Ele range os dentes, bufa ruidosamente e volta à luta para virar o placar. Para o craque, o jogo é natural, flui como música, seja em Copa do Mundo, seja na pelada entre amigos. A maior pressão que um craque sofre é a dele mesmo, é a cobrança por vitórias e conquistas, é a pressão não de ser o melhor sempre, mas de ser o elo entre seu time e a respectiva vitória. O craque não corre das faltas nem das botinadas alheias; na verdade, as usa em favor da própria equipe, acumulando cartões e faltas perigosas contra o conjunto adversário. Para o craque, o relógio é aliado, os minutos não separam o tempo de jogo do fim de uma jornada excruciante, defensiva, sofrida na base da retranca; os minutos, em essência, distanciam o craque da glória, as mãos do troféu. O craque pode perder um gol feito, pode isolar uma cobrança de falta no final da partida, mas jamais pode baixar a cabeça e fingir que nada aconteceu, o craque não deve se isolar, se alienar, se assenhorear de uma dor que não é exclusiva, mas sim de toda a equipe. O craque deve se solidarizar com seu time, seja na luta, seja no luto, seja no triunfo, seja na degola. O craque é ponto de referência, mas não é o símbolo, o semblante definitivo de um destino, enquanto os bons jogadores não entenderem tudo isso, jamais serão craques, jamais serão os maiorais, é preciso muito mais do que dribles e flashes, é preciso muito mais do que nomes em camisas e em jogos de Playstation. Para ser craque, é preciso ser diferente, mas diferente por uma simplicidade decisiva e não por jogadas cinematográficas que até podem valer um gol, mas jamais valerão o título, se o mérito não for compartilhado pelos outros dez jogadores que compartilham o símbolo estampado no uniforme.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

E amanhã ele percebeu


"Olha só pra aquele cara que tá parado ali
Ele sabe todos os truques para te convencer
Cuidado ele vai falar exatamente o que você quer ouvir
Mesmo que lá no fundo ele não queira dizer"

Mas ele quis dizer e disse. Tudo foi tão bom, tão doce, mas só pelo som de uma noite. Na manhã seguinte, as lembranças ainda quentes e o lado vazio da cama fizeram você suspirar e quase se arrepender. Você queria tê-lo de novo, mas ele tinha já tinha outros planos e você não estava incluída neles.

"Sentir é algo que a muito tempo ele não sabe o que é
Alguma coisa ficou pra trás, ele não quer entender
Então não espere que ele vá se prender a alguém
Mesmo que de repente coincidentemente essa pessoa venha ser você."

Sentimentos, para ele, têm o prazo de validade de uma noite. Depois disso, ele busca novos rumos, sem se importar com o que ficou para trás, sem se importar com os corações despedaçados e com os sonhos roubados. Esse cara não vai se prender a alguém, não porque por coincidência ele conheceu você, mas assim porque ele já está acorrentado ao próprio egoísmo, ao sentimento de que no mundo nada mais importa além de si mesmo. É uma pena, mas ele é assim. Prefere novos cenários pitorescos ao sossego de um lar confortável. Prefere caçar o desconhecido a se permitir algo mais diante de quem lhe trouxe paz de espírito.

"E amanhã você vai ver
Que esse cara na verdade nunca quis você
E amanhã você vai ver
Que esse cara na verdade nunca quis você."


E o amanhã chegou e novamente ele provou que sempre quis uma aventura, uma noite de desfrute para se liberar junto com a brisa que chega pela manhã. Ele é assim, quer sempre mais do novo, sempre quer o novo pedaço daquilo que ainda nem experimentou. E fica, por isso, perdido, desiludido, como cão sem dono ou como leão sem habitat. Ele nem sabe, mas ainda vai se arrepender. Talvez não por essa noite, nem por todas as outras que aproveitará, mas sim por perceber tão tardiamente que, entre algumas aventuras, ele encontrou preciosidades e as desperdiçou, sem mesmo se ter dado a chance de experimentar uma novidade: o reencontro com alguém especial, que, mesmo no imediatismo de uma noite, soube entendê-lo, provocá-lo, confortá-lo nos momentos de dúvida e hesitação. E amanhã ele percebeu que os melhores dias podem ter sido vividos no ontem, nos braços calorosos que ele se apressou em largar para buscar o vazio dos copos e das companhias vulgares.

Para quem quiser curtir a música, segue o link escutá-la no You Tube

terça-feira, 10 de junho de 2014

Mais que sentimento


O Amor é mais que sentimento, ele é um anjo que tenta unir caminhos, que transforma labirintos em atalhos e pecados em atos abençoados. O Amor é engraçado, mas não é palhaço, é irônico, mas não daltônico. O Amor é um circo de cores, gentes e festas, mas você pode não achar graça se não prestar atenção na piada, se não ouvir aquele alguém que não se cala e não se cansa até que sua atenção esteja ganha.

Imprescindível


     ...Ela disse que não era se dar ao Amor. Até que um dia olhou para o lado e percebeu que o Amor era real, era de alguém por ela. Claro que ela não correspondeu, mas também jamais negou que essa pessoa amorosa ganhara uma nova coloração perante seu olhar. Por insistência de lá e carência de cá, ela se entregou, se permitiu uma única vez. E foi a primeira de tantas e tantas outras vezes isso se repetiu. E assim, só assim, ela percebeu como é diferente ser tocada além do olhar, ser desejada além da libido, ser amada além da empolgação das primeiras noites de amor e êxtase. Ela, enfim, se apaixonou e se entregou com tanta fúria que dali nasceu um novo Amor, de ambos os lados, ali nasceu uma terceira pessoa a vigiar e cuidar daquelas que tanto se amam. E foi certamente assim que o Amor deixou de ser algo para se tornar alguém e se tornou alguém muito especial e para sempre imprescindível.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Entre os cristais


Eu te vi perdida entre os cristais
Em mim calou-se a fúria a mais
E fui a passos largos a teu encontro
Em teus braços encontrei seios e tronco
Teu perfume me tirou dos dias de noite
Teus lábios me laçaram mesmo sem desejo de fuga
E tudo se tornou tão mais poético e colorido
Minha vida renovou-se com o nítido e o cristalino
E talvez esse sossego todo tenha me tirado de foco
Mas que foco posso desejar além de felicidade e alegria?
Chega a hora de retornar aos objetivos maiores
Mas eles não me desviarão do teu aconchego,
Dos teus braços gentis e solares,
O mais importante da vida só merece tal crédito
Porque abre espaço para que tu faças parte disso
E de tudo mais que se seguirá.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Floral ironia


E o amor não é isso, um desencontro, um desajuste? Não é o amor que aproxima tudo aquilo que não nos atrai e nos trai fazendo de nós amantes daquilo que já negamos com tanta veemência? O amor é isso, uma fina e floral ironia, uma risada de Deus, uma mordida deliciosa, mas tão intensa que machuca nossos próprios lábios. O amor é a ideia perdida que nosso coração insiste em alcançar, mesmo sabendo dos tamanhos perigos que ela traz.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Prática


Tudo na vida é questão de equilíbrio e prática. Vejam os pássaros, suas asas são perfeitas, do tamanho exato para proporcionar o voo. Se fossem longas ou curtas em demasia, essas frágeis criaturas jamais poderiam flutuar pelos ares, tornando-se presas fáceis de feras famintas. Por outro lado, de nada adiantaria as perfeitas asas se elas não treinassem e não praticassem o exercício de voar. Aves não nascem sabendo como planar, para conseguir tal feito, elas praticam muito e sofrem com os tombos até o aprendizado da lição. Saiba que conosco o mesmo ocorre, recebemos um corpo repleto de mecanismos e talentos, uma engenhosidade da natureza que permite que façamos grandiosidades em terra. Mas de que adianta tal máquina equilibrada e perfeita se não praticarmos, se não evoluirmos, se não nos dispormos a aprender e a exercitar? O equilíbrio, geralmente, recebemos de nossa mãe natureza, mas o voo perfeito e poético depende de nós, de nosso esforço, de nosso apetite por aprender, de nossa vontade de treinar até que sejamos capazes de pôr em prática o que está escrito em nosso DNA.    

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Felicidade


Sou feliz. Posso provar como sou feliz. Não, não tenho dinheiro, não tenho carro de luxo, imóveis requintados em condomínios ou roupas de grifes ultracaras. Na verdade, sou uma pessoa legível, básica, tão transparente quanto um copo d’água. Então, por que me julgo feliz? Simples, como não ser feliz tendo o suficiente para meu bem viver, tendo um lar com pessoas que me amam e me abraçam quando chego, tendo uma mulher que escolheu ficar ao meu lado e partilhar tantas lutas e agruras, tantas alegrias e ternuras, tendo amigos sinceros, poucos, mas verdadeiros, tendo meu trabalho reconhecido e vindo de capacidade e esforço? Posso assegurar que sou muito feliz e realizado, pois tenho tudo do que preciso e não preciso de nada a mais do que já tenho. Isso não quer dizer que eu vá me estagnar, parar de evoluir, de buscar por algo mais em minha vida. Isso significa, no fundo, apenas que a grama "mais verde" do meu vizinho não me faz sentir inveja ou insatisfação com algo que eu não tenha. Realmente, tenho tudo de que preciso, mas se quero algo que ainda não é meu, eu tenho minha capacidade de trabalhar e de ir atrás. É isso. Tenho muita paz no coração e sou, plenamente, feliz. E não vejo dúvida, se você está lendo isso, mesmo que lhe falte uma coisa ou outra, você poderá enxergar que não lhe falta aquilo que é suficiente para lhe fazer feliz, você tem o que te move, o que te motiva, o que te dá forças para levantar a cada manhã e correr atrás. Basta ter humildade, observar bem a fundo, a vida não é igual para todos, mas somos iguais em nosso livre arbítrio, em nosso direito de batalhar e suar por algo que tanto ansiamos. Então, novamente pergunto, até que ponto você não é feliz, até que ponto você é privado de algo que pode ser seu? Somos felizes e, mesmo que não fôssemos, há um caminho aberto à nossa frente para chegarmos até lá. Basta querer, acreditar e ir em busca. Nada do que você realmente precisa está além do alcance da sua capacidade e da sua vontade. Basta quebrar a inércia e começar o movimento. Não tardará para que você chegue ao que tanto quer e que seja em plenitude feliz.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Proibido


Era proibido, jamais deveria ter acontecido, mas, quando nossos olhares se cruzaram no horizonte, foi tarde demais para deixar de imaginar. E, atrás do estacionamento, onde ninguém nos via ou vigiava, aquele beijo aconteceu. E aconteceu de novo e mais tantas outras vezes depois. Eu me senti confuso, culpado, traidor. Mas meu sentimento e aquela chama que me queima dentro foram mais fortes. E nos reencontramos em um lugar secreto, só nosso. Lá, nossa paixão ganhou forma e nossos corpos, um pecado. Juramos manter tudo em sigilo, para não estragar as aparências. Porém, você gosta de provocar, de mexer na ferida. E, na presença de nossos pares, você me sorria de maneira suspeita, me abraçava além dos protocolos e cochichava loucuras em meus ouvidos. Aquela fervura me fazia puxá-la para os cantos de festas e bares, consumando, ali mesmo, meu apetite de leonino voraz. Foram tantas vezes e, com tanta intensidade, que perdemos a noção de limites. Sem muito esconder, você me motivava a querê-la ainda mais. E eu não fugia, não lhe negava o fogo de minhas veias. Parecia, até mesmo, que desejávamos sermos flagrados. Mas isso nunca aconteceu, pois eu tomava meus cuidados sem você saber. Afinal, para mim, o fruto do proibido era a melhor das mordidas e eu jamais colocaria a perder meu prazer clandestino em troca de mais uma relação burguesa.

Hora certa

Eu não desisti de amar
Foi de você que desisti
Brigas, lamentos, lamúrias, mágoas
Em nosso relacionamento, tivemos mais isso
Do que bons momentos, sorrisos, abraços
De fato, foi tudo muito cansativo, doído
E uma relação não precisa ser assim
Um relacionamento deve ser saudável
Deve levar os dois a um crescimento
Pessoal, sentimental, profissional
Se não podemos nos ajudar
Isso é sinal de que algo está errado
De que nossa relação é um vaso quebrado
Não quero mais sofrer, chorar, perder noites
Quero dias de sol, beijos e música alta
Se conosco isso não é possível
É melhor que cada um siga um caminho
Não olharemos para trás nem para os lados
Eu procurarei um novo amor, você também
E isso será uma renúncia por algo melhor
Eu sei que estou certo, que faço o correto
Amar não é se deitar sobre uma esteira de espinhos
Amar é ser feliz, tocar o céu, trocar carinhos
E isso eu vou buscar sem fim
Até a noite se tornar dia claro
Até o rubro se tornar carmim
E, vou indo, descrente de nós
Mas com o coração renovado e em fé
De que o meu verdadeiro amor
Estará diante de mim quando for a hora certa

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Superação e vontade


Ela tinha nada, mas tinha força de vontade. Contra todas as constrições , estudou, aprendeu, foi a melhor. Diante de um sistema excludente, se incluiu. Aproveitou a “era dos extremos” e, mesmo com parcos recursos, comprou clássicos literários em sebos. Montou sua biblioteca, leu e releu até os olhos cansarem. A internet foi muito mais do que diversão. Enquanto muitos jogavam ou assistiam a vídeos de humor, ela baixava e-books e se dedicava a vídeosaulas gratuitas. Foi aprovada no processo seletivo para a faculdade que escolheu e se fez ótima aluna. Não perdeu as chances de se aperfeiçoar e de se tornar uma profissional melhor. Formada com louvor, fez concursos e obteve novos sucessos.  E foi assim que ela superou as barreiras que sempre lhe foram destinadas, com esforço, transpiração, sacrifícios e renúncias. Ela sabia que sempre estava um passo atrás por sua condição social, mas isso, em vez de impedir, a encorajou ainda mais. Assim, nasce uma vencedora, não do talento ou do muito dinheiro disponível, mas sim do esforço, da luta e da vontade de crescer. Não há uma receita para vencer na vida, mas quem vence, só vence, porque muito briga, muito se dedica e jamais aceita o fracasso como resposta definitiva.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Ele


Ele é diferente dos outros. Simplesmente, diferente. Não por atributos que soltam aos olhos ou por bens materiais. Não tem nada a ver com isso. É, no fundo, por um jeito de olhar que é só dele, pelo sorriso enviesado, pela forma de enxergar as coisas boas da vida. Sem falar nas palavras. Ah, como ele é bom com as palavras, como ele sempre sabe dizer a frase perfeita no momento em que mais precisamos, como ele sabe me arrancar uma gargalhada, mesmo quando meu dia foi ruim. Ele é tão especial e também tão universal. Eu o vejo em todos os lugares, ainda que ele seja muito diferente e distante de todos os outros homens. Ele é assim, tão de mim e tão do mundo. Eu o busco, mas ele foge e, mesmo desse jeito, sempre nos encontramos em alguma perpendicular dessa vida. Ele é tão bonito e tão fugitivo. Mas não me importo, pois sei que, quando for preciso, nossos desejos estarão juntos pelo simples motivo de que não temos mais nenhum controle sobre isso.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A arte do blefe


Quem não entende as mulheres não entende de jogos. Mulher adora o elemento lúdico, por isso não é fácil compreendê-las. Para chegar ao ponto final com elas, é preciso negociar, saber que elas usam as cartas das mangas e todos os demais truques disponíveis. Mulher blefa o tempo inteiro, se faz de difícil quando está muito a fim, se faz de desentendida quando já sabe de tudo, finge indiferença diante de algo muito importante. Elas são assim, jogam, enganam e induzem os homens a fazerem o que elas querem. Seria maldade da parte delas? Não sei, prefiro acreditar que se trata de inteligência emocional, de um desenvolvimento do QI do amor, após tantas frustrações e mágoas.

Percebam que não estou comparando as mulheres aos cafajestes. Estes jogam sujos, mentem descaradamente, fazem promessas com a deliberada intenção de não cumpri-las. Mulheres são diferentes, elas não burlam as regras, apenas as usam de uma maneira que os homens ainda não sabem. Elas entendem melhor a dinâmica social do jogo, são mentalmente mais perspicazes e planejam com mais apuro os próximos passos.

Sim, as mulheres não são mais as o “sexo frágil”, o vale de lágrimas vitimado pelo machismo cafajeste de outros tempos. No fundo, elas evoluíram, aprenderam com as quedas livres dos relacionamentos mal sucedidos. Hoje, elas dão as cartas, editam as regras e decretam o resultado. Os homens podem até estufar o peito, bancar a marra e pagar de fodões. Mas eles sabem que estão ficando para trás, comendo a poeira das atletas do salto alto.

Isso acontece porque homem é óbvio, previsível e unilateral. Seu código corporal já entrega as atitudes e as intenções, as palavras apenas sublinham o que lhes atravessa o pensamento. Para uma mulher inteligente ou bem vivida, é como ler as legendas de um blockbuster dublado. Fácil demais.  As mulheres vão além, elas sabem embaralhar as cartas, esconder os ases e flertar com blefe. Elas sabem provocar sem entregar, dizer sem expressar, sugerir sem pedir.

Diante disso tudo, os homens se encolhem, se assustam, correm para o colo da mamãe. Em vez disso, deveriam evoluir também, sair da casca do chauvinismo, aprender com o lado vencedor. Mas, no lugar da lição, os homens continuam rastejando no sexismo, na macheza e na cafajestagem. Mal sabem eles que as mulheres, a essa altura, estão morrendo de rir da crise de identidade masculina e brincando com os instintos dos “machos-alfa”, tal qual os felinos, que tripudiam do frágil roedor antes de devorá-lo.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O amor é assim


Amar é bom demais
É energia e gás
É estar além das expectativas
Ir além do óbvio, da reta
O amor não tem medida,
Nem receita perfeita
Amar é cair no erro
Trafegar na contramão
Esquecer o passado
E, até mesmo, pedir perdão
De amor não se morre
O amor é vida, é renovação
Quem ama sabe o que quer
Ou melhor, a quem quer
Amor é paixão, poesia, sinestesia
É nadar em terra firme
Correr em pleno ar
Quem ama sabe de tudo
Quem ama sabe viver
O amor é assim,
Dá sentido aos dias
E dias aos sentimentos
Quero mais é ser feliz
Amando e tendo a quem amar
E, para quem se esqueceu do amor,
Saiba que o amor não se esqueceu de você
E ele vai lhe encontrar,
Ou melhor, reencontrar
Sem dia ou hora certos
No dia em que você mal pode imaginar
E tudo vai voltar a ter cores
E tudo vai voltar a ser vida
Não fique desconfiada(o)
O amor é assim
Nasce, renasce, respira
Em tudo e em todos
Naquelas entrelinhas tortas
Onde ninguém habita
Até lá o amor tramita
E ele vai chegar onde você estiver
E vai florescer até mesmo em quem não quiser
Isso eu não tinha dito, não ainda
Mas o amor é atrevido, atirado
Não aceita negativas ou portas fechadas
Ele vai até o limite, até o fim
Para que tudo seja lindo e bem vivido
Bem-vindo ao amor,
Que ele lhe traga as alegrias
Que ele lhe traga as melodias
Que ele lhe traga as cartas apaixonadas
As flores e as lágrimas
E toda a emoção sincera
Que um coração humano puder experimentar

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Digitais


Às vezes, penso por que uma pessoa de bem, feliz, produtiva, amável e socialmente responsável é diagnosticada com câncer, enquanto a saúde habita os corpos de pessoas desprezíveis, egoístas, facínoras e sem o menor respeito pelo próximo? Essa pergunta, eu sei, só Deus, do alto de sua sabedoria e justiça, pode responder. Mas situações assim me lembram de como a vida é frágil e imprevisível, não há super-homens, heróis invencíveis ou seres intocáveis, no fundo, somos todos vulneráveis. Então, façamos bom uso do tempo que nos resta e da fortaleza de nossos corpos. Não sabemos qual a última página de nosso calendário, mas sabemos que muito pode ser feito, que somos capazes de deixar um mundo melhor quando for nossa hora. É isso. Talvez Deus queira que nós façamos nosso máximo o tempo todo, Ele quer de nós um legado, um exemplo, as digitais de nossa existência marcadas em favor de algo que será eterno nos corações de quem nos sucede.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Ápices


Que se quebre como encanto falido, como fogo sufocado em água. Que se quebre o que não for real, o que não for tangível. Nossa história caminha para esse destino, porque não é mais nossa, porque não é real. Talvez sejamos fantasmas presos ao passado dos desejos, dos gozos, das quimeras. Assombros acorrentados ao que já foi e não mais há. Não sendo verdadeiro, que nosso amor se desfaça, desmanche sobre o leito do porvir, do futuro que nos atravessa como presente, sem pedir licença, sem implorar perdão. Não há dor que fique quando a água salgada nos lava a alma e banha nossos corações. Fica para trás tudo, até mesmo a saudade. Não há razão para tantas lembranças, sabemos o que foi, sabemos que não mais é. Não vamos mais nos cruzar ou nos olhar nas lentes, tudo já terá sido como um sonho bom, um pesadelo precoce. Agora, estamos acordados e há um rio e seus afluentes a nos esperar. Cada um escolherá uma margem e viverá sua própria aventura. Sacrifícios já fizemos um pelo outro, não há porque repeti-los. Basta seguirmos em frente, com humildade, aprendendo com os tropeços e crescendo por nossas próprias experiências. Amanhã, seremos melhores, seremos diferentes, ignoraremos um ao outro, mas com a convicção de que tudo foi um caminho obrigatório, um alistamento para atingirmos nossos ápices definitivos.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sintaxe



É como se fosse desejo, é como se fosse paixão. São dias e noites, cores e amores. Não há muito que planejar, é para fazer, sentir, tocar. Talvez seja o segredo da vida, o sexo dos anjos. Sei lá. Mas a resposta para o que eu sinto está aqui, está aí. Basta estar a fim, basta dizer que sim. De resto, o resto se realiza como um sonho que atravessa a fronteira entre a ilusão e o material. E tudo acontece como predicado, como sujeito, como a gramática que não explica as regras entre os corpos, que não explica a sintaxe que há em um gozo e, se nada mais faz sentido, todos os sentidos se misturam no ato final. E, ainda assim, não há fim, apenas recomeços, ciclos que se reiniciam, liberdades de prazer que se multiplicam sob a névoa da gênese, sob a repartição dos genes.