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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Via marginal



Obscuro desencanto
Quem você deseja ser, quem você deseja ferir?
Assim como quem nada busca, você seduz e desvirtua
Você reproduz loucos devaneios enquanto se perde do roteiro
Quem a anseia, escravo se torna de um sentimento profano
Quem a ambiciona, cativo se torna de um pensamento assanho
Eu nunca quis me juntar a isso, eu nunca quis pertencer a você
Mas sofro de amor à indiferença, de apetite ao que me desavença
E dessa forma você me enclausurou nesse calabouço estranho
Perdido entre calculismos que não mais entendo
Queria você tão distante quanto você está agora
O problema é essa imaginação que lhe busca onde quer que seja
Essa bússola maldita, esse GPS em perfeito funcionamento
Mas acredito ainda ser possível me livrar de tudo isso
Basta ser dito aquilo que ainda foi, aquilo que traz aflito
Você não é nada demais, você não tem nada de especial
Não é mais bonita das mulheres, nem a mais artística
Ainda menos a mais inteligente ou mais fervorosa
Tudo em você é comum ou trivial
É facilmente encontrado em qualquer outra
Em qualquer amor furtivo em noite de carnaval
Então agora está escrito, fodido e assinado
Não tem mais volta, não tem mais acostamento
Nessa estrada de merda, nessa via marginal
É tudo mão única, guiando todos a lugar algum
E nela me perco porque longe de você
É o melhor lugar para me reencontrar


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