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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Derradeira



Esse fogo que me queima, essa paixão que me transborda
Com seus beijos, me aceso e me aqueço
O frio da indiferença se afasta como fantasma assustado
E a luz de sua presença me alcança e me acalenta
Fazendo de mim mais feliz, fazendo de mim quem eu quis
E com seu corpo em meus laços, vivemos longa e intensa abrasão
Na manhã seguinte, me vejo solitário e desvalido
Interrogações e dúvidas me tomam os horizontes
Não sei mais se foi quimera, devaneio, ilusório amor
Ou se de fato a tive em meu peito, intercalando uivos e afetos
Diante de tal distúrbio, me refaço e me levanto
E assim repito todo o ritual do dia anterior
Na vã e tola esperança desesperançada
De tê-la de novo junto a mim por mais uma noite
Ainda que seja em sonho, ainda que seja em carbono
Pouco me importa a natureza de sua matéria
Apenas me basta que seja você, novamente, por entre meus braços
E assim nos deliciamos em uma madrugada que pode ser a derradeira
Ou quem sabe, num sopro de otimismo, de tantas a primeira

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