O beijo. Sim, aquele definitivo, final e intransitivo. Não precisa de
complementos ou explicações. Ele apenas se justifica quando os lábios explodem
no encontro mútuo, quando as faíscas são expelidas e recriam toda a fascinação.
O beijo, aquele em que as línguas se abraçam como se fossem os amantes
prometidos desde o início. O beijo, aquele com gosto, com aroma, com sabor. O
beijo que começa nos lábios e desce por todo o corpo em forma de palpitações e
sinestesias que jamais saberíamos descrever. Esse beijo, o beijo, é o beijo que
não pode ser emprestado, transferido ou terceirizado. Apenas quem já sentiu
sabe o que é, entende o pleno significado do ato. O beijo, sim, o único e inesquecível,
é um presente para quem sabe amar e para quem saber escolher. É a dádiva de
quem espera pela presença certa e não fica pulando de boca em boca, como
afogado em desespero por uma brisa de ar. O beijo é não apenas o selar de
lábios, mas também é o reencontrar de corpos e almas. É a reunião de quem já se
conhecia muito antes de saber da existência alheia. O beijo é isso, é obra de
arte, é transcendência, é a imortalidade traduzida no pecado a que todos nós,
amantes do amar, estamos destinados, seja por escolha, vocação ou,
simplesmente, rebeldia.
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