Carlos Nascimento,
jornalista e apresentador de TV, talhou, em um arroubo de impaciência com o
festival de bobagens espraiado nas redes sociais, a notória frase: “Já fomos
mais inteligentes”. Concordam com Nascimento os pesquisadores britânicos Richard
Lynn e John Harvey que lideram um estudo baseado na tese de que o
QI (quociente de inteligência) da
população mundial está em declínio. Claro que os pilares teóricos dos
estudiosos são bastante discutíveis, mas o fato é que, observando as pessoas e
suas preferências, fica difícil não sentir uma forte inclinação a favor de Lynn
e Harvey.
No entanto, eu realmente não acho
que esteja havendo um emburrecimento coletivo. Acredito que estamos diante de
uma geração que se interessa cada vez menos pelo intelecto e pela ciência.
Talvez seja culpa dessa velocidade máxima que a realidade atual exige. Pensar
requer tempo e, às vezes, a conclusão exata demanda preciosos dias de
observações e análises. Além disso, pesa nessa balança o fato de os números
dizerem mais do que os feitos. Em outras palavras, ter é mais importante do que
ser, a qualidade se rebaixa perante a qualidade. Com isso, não se aproveitam as
chances de uma boa reflexão porque o amanhã já grita por novas fotos e
palavras, por um jogo de cenas e novidades que realmente não faz sentido.
Vamos pensar, por exemplo, na
internet. A capacidade de falar com pessoas do mundo todo, de reunir
pensamentos e conteúdos e de democratizar as vozes ativas deveria estar nos
levando a uma revolução, não é? Pois bem, o que vemos no lugar disso? Vê-se uma
internet cada vez mais televisiva, teleguiada e sem protagonistas. Nossos
ciberheróis não sem destacam pelas grandes realizações, mas pelo papel inócuo
ou ridículo a que se prestam. Não escutamos quem tem algo de novo a dizer, mas quem
está usando o mesmo discurso de sempre com uma roupagem descolada. E assim
vamos nos enganando e tropeçando nas mesmas pedras do passado.
Não estamos mais burros, mas devo dizer
que deixar de aproveitar os ensejos da modernidade para crescermos intelectualmente
é uma tremenda estupidez.
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