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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Estamos mais burros?


Carlos Nascimento, jornalista e apresentador de TV, talhou, em um arroubo de impaciência com o festival de bobagens espraiado nas redes sociais, a notória frase: “Já fomos mais inteligentes”. Concordam com Nascimento os pesquisadores britânicos Richard Lynn e John Harvey que lideram um estudo baseado na tese de que o QI (quociente de inteligência) da população mundial está em declínio. Claro que os pilares teóricos dos estudiosos são bastante discutíveis, mas o fato é que, observando as pessoas e suas preferências, fica difícil não sentir uma forte inclinação a favor de Lynn e Harvey.
No entanto, eu realmente não acho que esteja havendo um emburrecimento coletivo. Acredito que estamos diante de uma geração que se interessa cada vez menos pelo intelecto e pela ciência. Talvez seja culpa dessa velocidade máxima que a realidade atual exige. Pensar requer tempo e, às vezes, a conclusão exata demanda preciosos dias de observações e análises. Além disso, pesa nessa balança o fato de os números dizerem mais do que os feitos. Em outras palavras, ter é mais importante do que ser, a qualidade se rebaixa perante a qualidade. Com isso, não se aproveitam as chances de uma boa reflexão porque o amanhã já grita por novas fotos e palavras, por um jogo de cenas e novidades que realmente não faz sentido.
Vamos pensar, por exemplo, na internet. A capacidade de falar com pessoas do mundo todo, de reunir pensamentos e conteúdos e de democratizar as vozes ativas deveria estar nos levando a uma revolução, não é? Pois bem, o que vemos no lugar disso? Vê-se uma internet cada vez mais televisiva, teleguiada e sem protagonistas. Nossos ciberheróis não sem destacam pelas grandes realizações, mas pelo papel inócuo ou ridículo a que se prestam. Não escutamos quem tem algo de novo a dizer, mas quem está usando o mesmo discurso de sempre com uma roupagem descolada. E assim vamos nos enganando e tropeçando nas mesmas pedras do passado.
Não estamos mais burros, mas devo dizer que deixar de aproveitar os ensejos da modernidade para crescermos intelectualmente é uma tremenda estupidez.

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