Ela vai fazer
falta. Era uma criatura doce e muito especial. Difícil achar alguém que dela
não goste, ou melhor, que por ela nutra alguma natureza antipática. Hebe sempre
foi exagerada na alegria, cheia de tiradas e gestos que iam muito além de seu
tempo. Aliás, para Hebe o tempo parecia não passar. Estava sempre esplêndida e
radiante, sexy e romântica. Podia ser avó ou amante, tinha cacife para ambos.
Foi um personagem que soube reinventar a si mesma, que soube interpretar as
tendências e a elas antecipar-se.
Hebe nunca foi de
atitudes gratuitas e vulgares. Seu bom gosto e seu carisma foram garantia de
sua longeva audiência. Hebe nunca precisou de “assistentes de palco”, de
desfiles mórbidos ou de polêmicas toscas para atingir o coração de seu público.
Atingiu porque era autêntica e grandiosa, feliz e genuína. Hebe soube ser Hebe
até quando isso não fazia o menor sentido.
Hebe jamais
distorceu o reflexo que seu espelho revelava. Sempre respeitou a si mesma e a
seus admiradores. Lutou quando devia e soube se deixar cândida quando o momento
assim demandou. Hebe é uma estrela, uma referência majestosa quando vemos que a
TV brasileira hoje produz embustes e engodos cafonas e de rara finesse.
Hoje, essas moças
à frente das câmeras têm dificuldades absurdas com a gramática, o dicionário e o
guarda-roupa. Hebe não as tinha. A eternal apresentadora sempre soube desfiar
frases inteiras sem doer nos ouvidos alheios, sempre soube como vestir-se para
brilhar espontaneamente. Hebe devia ser um livro de cabeceira para quem ousa
iniciar na telinha.
Talvez com ela
ainda seja possível aprender que talento vem de dentro, é algo natural, mas que
também pode ser desenvolvido. Talento é pessoal e intransferível, não tem nada
a ver com o diâmetro dos seios ou dos glúteos. Talvez ainda dê tempo de
aprender com uma verdadeira rainha sobre os atalhos que conduzem ao sucesso.
Não são muitos, mas aí estão: simplicidade, dom, generosidade, alegria,
discrição, persistência, carinho, amor e aquele brilho particular que só uma
grande diva é capaz de emanar.
Viram? É disso que
é feita uma estrela. Não há joia, roupa ou plástica que seja capaz de transformar
tábuas siliconadas sem luz em pérolas incandescentes. Brilhar intensamente é uma
missão e não uma imposição milionária.
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