Já estamos há tempos nesse embate.
Trocamos muitos socos, praticamos esmero pugilato. Meus olhos estão roxos, o nariz
torto e o lábio rachado. Você também está ferido. Testa cortada, dente quebrado,
maxilar ferrado. Mas não desistimos e continuamos digladiando, como ferozes
deuses em uma arena romana.
De longe, ela apenas sorri, enquanto
pateticamente lutamos. Mas qual a graça, qual a comédia dessa batalha
tão horrenda? Talvez a resposta seja tão óbvia quanto uma piada. Ela ri porque
não temos nada. Não importa quem vencer essa parada. Ela não será minha nem
sua. Ali, também gargalhando, já está outro cara. O terceiro elemento, o novo
afortunado.
E assim aprendemos que não adianta
brigar por quem não mais temos. Machucados e abraçados, encerramos a contenda e
fomos embora para casa. Não sem antes de, envergonhados, vê-los se beijando
enquanto ficamos na amargura. É assim que sempre termina para quem acha na
violência a solução dos dilemas que a vida nos apresenta.
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