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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Dilemas



Já estamos há tempos nesse embate. Trocamos muitos socos, praticamos esmero pugilato. Meus olhos estão roxos, o nariz torto e o lábio rachado. Você também está ferido. Testa cortada, dente quebrado, maxilar ferrado. Mas não desistimos e continuamos digladiando, como ferozes deuses em uma arena romana.

De longe, ela apenas sorri, enquanto pateticamente lutamos. Mas qual a graça, qual a comédia dessa batalha tão horrenda? Talvez a resposta seja tão óbvia quanto uma piada. Ela ri porque não temos nada. Não importa quem vencer essa parada. Ela não será minha nem sua. Ali, também gargalhando, já está outro cara. O terceiro elemento, o novo afortunado.

E assim aprendemos que não adianta brigar por quem não mais temos. Machucados e abraçados, encerramos a contenda e fomos embora para casa. Não sem antes de, envergonhados, vê-los se beijando enquanto ficamos na amargura. É assim que sempre termina para quem acha na violência a solução dos dilemas que a vida nos apresenta.

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