Você chegou diferente. Olhos perfumados e cabelos
tingidos de rosa. Por dentro, eu ri e achei um tanto estranho. Mas você não
estranhou quando me vi por instinto te beijar. Talvez tenha sido o efeito da
pinta que sublinha sua boca, talvez tenha sido a vontade de ver se havia alguma
outra mudança além da cor dos seus fios. Nossos lábios se agarraram brutalmente.
Trocaram golpes de língua, como guerreiros espartanos em sangrenta batalha.
Você arrancou minha camisa, rasgou meu tecido e lambeu meus mamilos. Eu te
joguei sobre a mesa, destruí seu sutiã e me aventurei no seu busto. Depois,
escorreguei por meio de suas pernas e sequestrei seu clitóris. Você se retorceu
como uma serpente e com as mãos sacudiu meu caralho. Depois, me sugou e me engoliu
em um rompante orgástico. Eu não resisti. Fiz você subir e ondular sobre meu
corpo. Gritamos, uivamos, enlouquecemos. E quando nossos orgasmos coincidiram,
em uma explosão de porras condensadas, nos lembramos, por um momento, onde
estávamos. Era minha sala, minha mesa de trabalho. Dali em diante, nada mais
tinha sentido e tudo estava valendo. Transar com você era livre de todos os
perigos. Não importa que você fosse casada, não importa que eu fosse seu associado. Apenas gozávamos e nos permitíamos tudo aquilo que por muito tempo
nossos desejos tanto camuflaram. Agora não mais. A toda hora você vinha me
chupar, onde eu estivesse não importava. E vivemos essa relação errada,
grotesca e intensa até que nossa noção de sobreaviso retomou de onde nunca
deveria ter saído. E tudo voltou a ser como era antes. Ainda que, de tempos em tempos, nossos olhares se busquem em flagrante tesão mal resolvido.
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