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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Grito



Sufocante sinceridade narcisista
Estampada nas fotos de um vício
Na estradas das redes antissociais e patológicas
Vamos vomitando vazio, vamos desenhando discos
Que nunca serão escutados de maneira ativa
Que nunca serão lembrados de maneira reflexiva
Estamos flertando com o caos, com o desnível
Mal percebendo que de post em post
Estamos nos transformando em aparência
Sendo seduzidos pelas lentes e não pelo espírito
E assim, nessa vida de ócios oscilantes
Desimportamos que uma hora chega o grito
Seja em forma de depressão devastadora
Ou de um estouro que prediz o advindo tiro
E as tragédias que se somam e se sucedem
A poucos comovem e a pouquíssimos interessam
E, no final, sobram só as lágrimas temperadas
De quem pouco caso fez pelas perdas
E agora pranteia por que enfrenta a própria cruz
Sem o alívio imediato de uma esperançosa luz

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