Uma paixão se faz
com fogo no coração. Vive com gás, com pressão. Não se acomode, não sossegue.
As grandes histórias vêm dos extremos, dos ápices. A lembrança procura por quem
se congelou no fogo, por quem se derreteu na neve. Viver exige pulsar e risco.
Viver é ir além, ficar dolorido. Não se apequene, não se esconda. Apenas esboce
um sorriso e venha para dentro da onda, da fúria e do abismo.
Esse blog é uma gota de meu sangue, um plasma de meus sentimentos. Poesia, humor, política, dor, frustrações. É um espaço onde sou o que deveria ser ou o que nunca fui. É um lugar onde sou um personagem e uma entidade em vida. Sou um rio e também as pedras. A angústia perdida ou um sorriso espontâneo. Sou eu em múltiplas formas ou em forma alguma.
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sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Besta quadrada
Tenho sido uma besta
quadrada. Tenho largado muito pela estrada: pessoas legais, oportunidades de
crescimento, amigos de longa data. Em troca de que, em favor de quem? De nada e
de ninguém. Não tenho me dado tão bem e não tenho sido o cara do toque de ouro.
Se eu soubesse dos caminhos, com certeza não teria entubado tantos labirintos.
Mas tudo certo, não vou ficar aqui bancando esperto, pagando de fodão. Só
espero que, a cada cara quebrada, eu aprenda a lição e meus dentes não caiam.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Arrependida
“Quem
sabe eu ainda
Sou
uma garotinha
Esperando
o ônibus
Da
escola, sozinha
Cansada
com minhas
Meias
três quartos
Rezando
baixo
Pelos
cantos
Por
ser uma menina má...”
Composição:
Cazuza / Roberto Frejat
Você não é
mais garotinha. Você sabe bem disso. O ônibus da escola não passa mais e as
meias três quartos nem lhe cabem agora. Você ainda reza pelos cantos, mas nem é
mais por ser uma menina má. Você é, no máximo, uma mulher arrependida. Uma
mulher que perdeu o próprio tempo e o de outras pessoas, fingindo ser o que não
era, fazendo para os outros aquilo que não queria. Você foi mais uma menina
tola do que má. E suas rezas, de que adiantaram, se suas atitudes não mudaram, se
você não o fez com vontade, apenas por obrigação daquilo que ensinaram? Até
para ser má é preciso personalidade, é preciso fazer o que se quer. Quer saber?
Você foi a boazinha, não passou de uma rebelde de causa comprada. O príncipe
não virou um chato, você é que não escolheu aquele a quem queria de verdade.
Mas ainda dá para ser diferente, basta fazer por onde, ter coragem. A
malandragem não virá de graça, você terá que ir buscá-la. Então, vá. Pegue as
chaves do carro, vista o seu espartilho e tome um pileque. Se for mesmo isso
que você quer, é lá que estará lhe esperando seu sapo apaixonado.
Não tenho razão
“... Tive razão
Posso falar
Não foi legal, não pegou bem
Que vontade de chorar, dói
Em pensar que ela não vem, só dói...”
Composição: Seu Jorge
Não
foi legal, não pegou bem. Minha vontade é de chorar, de me jogar nas escadas e gritar
por seu nome. Sei que você não vem e isso dói. É mentira, não está tranquilo,
não vou zoar nem dar a partida. Vou ficar aqui no chão, chorando, sofrendo, me
arrependendo. Não era a nossa hora, não era para ter acabado. Sei que você está
aí, me ouvindo, sofrendo junto. Sei que podia ter sido diferente, eu podia ter
sido decente. Estou de bobeira, fiz besteira e fiquei na saudade. Logo eu que
me julgava descolado e acima do mal e dos pecados. Não queria esse fim, não
queria ter que ir, mas você sabe: poderei voltar quando você quiser.
Outro mundo
“... Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e
só...”
Composição: Leoni
Depois de você, os outros são os outros e não há nenhum outro além
de você. Com você, descobri um verdadeiro outro. Outro mundo, um mundo em que
as cores são vívidas e os sabores, mais doces. Um mundo em que os homens são
gentis e apaixonados, em que os dias são marcados por pequenos gestos com
grandes surpresas. Nesse outro mundo, sempre havia um recadinho na cabeceira,
um beijo deixado no espelho, um e-mail de bom dia ou um telefonema de carinho.
Fiquei mal acostumada, fiquei enfeitiçada. Esqueci completamente que esse outro
mundo poderia não durar para sempre. E não durou mesmo. Sinto a falta dele,
sinto a sua falta. Os outros são assim, tão outros. Só você é especial, com
esse jeito doce e despretensioso, com esse sorriso fácil e contagiante. Não
gosto de pensar em você com outras, isso lembra o que tínhamos de tão nosso, de
tão íntimo. Tudo bem, não vou mais chorar. Eu tenho que continuar, mas você
sabe que eu seria sempre sua e, de certa forma, ainda sou, pelo menos nesse
outro mundo que só você me mostrou.
Escondido
Eu
penso em você escondido, escondido até de mim. Penso em como é proibido tanto
te querer. Sei que você não vem comigo, sei que nessa estrada eu vou me perder.
Tanto faz não ser triste, porque isso não faz sentido, afinal. A gente perto e
nem assim se toca, nem assim rola. Tudo bem, deixa estar. Fico aqui na minha,
pensando, viajando, flutuando. Tudo que eu fiz foi tanto que acabei com nada.
Pode ser que amanhã tudo mude, pode ser que eu me mude. Quem sabe o que vai
ser? Minha bola de cristal não funciona, meu tarô é paraguaio. Pisei na bola e
agora estou só. Se a Terra é redonda, porque nosso amor também não é? É, eu
sei, é amargo e quadrado, mas vou saber engolir esse choro e tirar o seu
retrato. Se um dia for diferente, saberei onde colocá-lo; se não for, me basta
seguir em frente.
Além da aparência
Tudo que se faz deixa
uma marca, uma pegada. Todos os passos deixam seu rastro, marcam lugar no
espaço. Que bom que é assim, que bom que marcamos território. Seria triste
passar despercebido, desaparecer sem deixar vestígios. Deixa disso e deixe
algo. A vida nos deixa viver, nos deixa perceber nosso estilo e nossos
instintos. Deixamos filhos e o que conquistamos, deixamos nossos ossos e muitas
saudades. Que bom deixar as migalhas de nossa existência e saber que vivemos
muito além da aparência.
Onde lamentar
Não enrola. O tempo passa e
ainda estou aqui. Mas não estarei para sempre. Você sabe que sou assim,
atrevido, assanhado, dou amor e entrego flores, forço um sorriso e escondo as
dores. É, sou assim mesmo, exercito a felicidade e sou feliz sem vaidade.
Também sou fingidor. Pessoa não mentia, fingimos que é dor a até a dor que é de
verdade. Ah, bobagem. Não me diga que nunca fingiu um orgasmo. Tá bem, vou fingir
que acredito. Afinal, eu finjo todo dia, todo dia finjo que você me ama. E se
não for verdade? Um dia pode ser. Pode ser que a gente seja feliz junto. Se não
for, beleza, de boa. Tudo é lindo do jeito que imagino, tudo é bom enquanto
ainda vivo. Anota aí meu endereço. Se um dia precisar e eu não estiver aqui,
será bom saber por onde começar a lamentar.
Saudade especial
Não espero ser mais um, não
espero ser alguém a quem você se refere como "algum cara". Quero ser
uma boa lembrança, uma melodia gostosa que, de vez em quando, se atrevia a
cantar para você. Quero ser a pizza de ontem no seu café da manhã, aquela dor
de cabeça que denuncia a noite anterior divertida. Quero ser o filme da noite,
aquele que se assiste sob os edredons. Quero ser o som da porta que se abre, o
abraço apertado na madrugada de quem
chega. Quero ser o tchau na porta do elevador, quero ser a ligação do antes de
dormir. Quero ser o cara que, se não for o de sempre para sempre, que pelo
menos seja aquele de quem você lembra com uma saudade especial.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Soterramento
Um romance
verdadeiro, brilho raro, coração alado. Uma estrela no peito, que brilha e nos
incendeia. Uma companhia sincera, de alma aberta e alegria descoberta. Seja
qual for o seu amor, não o renuncie, não o sonegue. Amores são tantos e tão
plurais que, muitas vezes, apostamos em sua longevidade. Mas, aos poucos, os desapontamentos,
as negligências, tudo isso vai se acumulando, se somando a ponto de,
tardiamente, percebermos que os grãos de areia se tornaram um imponente
deserto. Nesse momento, não há como varrer, não há como esconder, apenas
assistimos, pálidos e incrédulos, ao soterramento de algo que nos era tão caro.
Dormir nos seus braços
Foi tão bom dormir
nos seus braços. Foi intenso e doce como um abraço. Foi como dormir sobre
nuvens, agarrado ao canto dos anjos. Não me lembrei de nada ruim, apenas caí em
profunda inconsciência, em plena e infinda congruência. Acordei tão bem e
feliz, tão satisfeito e renovado, que lamentei não ter mais sono, lamentei a
aurora e a linda manhã que se desenhou no horizonte.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
De frente
Para que insistir em algo que deu tão certo a ponto de nos fazer
desistir? Quer saber por quê? É porque ser feliz mete medo, nos põe contra
todos os infelizes e frustrados. Faz com que fiquemos na contramão, nadando em
desfavor da correnteza. Ser feliz é assim, nos faz ficar de costas para o mundo
e de frente para quem amamos.
Animal
Nosso amor é animal, fora do
normal. Ele não tem controle, é mais poderoso que nossos cinco sentidos. Ele
não tem hora nem lugar. Pode ser na cozinha, na sala, de manhã cedo, no fim de
tarde. Pode ser no restaurante, no banco do carro, na rua deserta. Nosso amor
explode e sacode, invade territórios, não respeita limites. Já foi no elevador,
no chão de garagem, no beco escuro. Já foi em todo lugar, mas ainda há muito
para explorar. Nosso amor é assim, nunca começa, nunca tem fim, então, se a
vontade nos bater, não esteja por perto, nem no quarto ao lado. Somos
barulhentos e isso pode incomodar.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Eles se beijaram...
Eles
se beijaram sem pensar. Foi intenso e explosivo, como fogo e óleo juntos. Nunca
houve pensamento ou desejo entre eles, eram amigos de longa data, sabiam os
segredos um do outro, compartilharam vitórias nos esportes, foram parceiros em
conquistas amorosas.
Mas
naquela noite algo estava diferente, pulsante. Não foi pelo álcool ou pelo
ambiente, não foi pela luz ou pela atmosfera. Simplesmente se olharam e o
encontro de lábios aconteceu em um estalo.
O
susto foi inevitável. Afastaram-se perplexos, chocados por um ato que tantas
vezes condenaram quando feito por outras pessoas. Respiraram fundo, lavaram o
rosto e foram embora.
Não
pregaram os olhos por um segundo. Cada um em seu respectivo abrigo refletiu
sobre os significados daquele beijo. Não confessaram, mas bem que se excitaram
com os lábios em frenético choque, com as línguas se cruzando na escuridão da
balada.
Não
se falaram por algum tempo e tal ato acabou se tornando uma sessão de tortura.
Por mais que não quisessem, não paravam de pensar um no outro. Não esqueciam o
beijo, os lábios, os olhos em contraste.
Em
uma madrugada de segunda, sem nada combinar, sem telefone, mensagem ou recado, se
encontraram em uma esquina. Os corações explodiram em batidas de agonia e
êxtase. A timidez fez-se presente, mas o desejo foi mais forte.
No
interior de um dos carros, tiveram a primeira noite de amor sincera e sem
tabus. Entregaram-se ao colo daquilo que sentiam e não confessavam. Jogaram-se
de cabeça em algo tão especial quanto encantador.
Os
encontros clandestinos, os amanheceres nos braços um do outro foram se
multiplicando, a ponto de fazer com que ambos perdessem as contas. Não havia
uma data de início nem hora para acabar. Apenas se amavam enquanto juntos.
Aos
poucos, foram assumindo o que eram, foram colocando o reflexo para fora do
espelho. Foi tudo tão doloroso quanto catártico. Por um lado, a vergonha de ser
algo que tanto combatiam, por outro, a liberdade de, enfim, poder expressar o
que, no fundo, eram.
As
famílias não aceitaram. Por força e prazer, mudaram-se, encontraram um mesmo
teto para um mesmo amor. Com os anos, vieram a naturalidade e a segurança. De
vez em quando, terminavam, mas nunca conseguiam se afastar. Sempre choravam e
prometiam amor eterno a cada reenlace.
Adotaram
um filho, o amaram e o ensinaram a assumir o que o coração lhe apontasse. Morreram
em lágrimas quando ele passou no vestibular, desandaram em alegria quando ele
lhes apresentou a primeira namorada. Deram-se as mãos e se beijaram, quando ele
anunciou o casamento. Levaram-no ao altar e ele lhes deu um par de netos que
nunca teve vergonha ou medo dos avôs que tanto amaram.
Dar um tempo
Dar um
"tempo" no namoro ou no casamento, hoje, virou sinônimo de algo
brega, demodé. Pode até ser, mas eu continuo achando que o "tempo" é
válido e pode salvar relacionamentos bacanas que passam por uma turbulência.
Dar um
"tempo", por definição, é um comum acordo em que o casal deixa de se
encontrar constantemente para refletir sobre os gargalos da vida e do
relacionamento. É um tempo para refletir, achar soluções, desencanar dos
problemas. Muitas vezes, um ar fresco emocional ajuda o casal a encontrar o
distúrbio e se unir para equacioná-lo.
O problema,
na minha opinião, é que as pessoas passaram a confundir dar um
"tempo" com "vale night". Usaram um recurso interessante e
útil para fazer bagunça e ir à forra. Quem está dando um "tempo" não
está solteiro nem desimpedido, não pode sair pegando todos(as) como se o mundo
fosse acabar amanhã. Dar "tempo" também não significa que a pessoa
pode sair sem avisar, viajar mundo afora sem dar satisfação ao namorado(a).
Então, o
"tempo" no amor, no namoro ou no casamento não morreu nem acabou. É
algo que continua existindo, que continua sendo usado. Mesmo que as pessoas não
admitam, mas elas ainda lançam mão desse expediente para salvar um
relacionamento ferido. E não há nada de errado, não há porque se envergonhar.
Se você ama uma pessoa, mas as coisas não andam bem entre vocês, essa é uma
possibilidade válida.
Se o
"tempo" não for utilizado para algo construtivo, se não salvar o
relacionamento, tudo bem. Isso só vai confirmar que não havia mais como
contornar o problema. Vai abreviar a sobrevida de uma relação moribunda e sem
futuro. Além disso, dar "tempo" e levar esse "tempo" a
sério é uma prova de amor, de maturidade. Quem sobrevive a isso, com certeza,
demonstra que está preparado para caminhar junto com quem ama, para enfrentar
os duros obstáculos de uma vida a quatro mãos.
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Loucura bem vivida
Ela
falou que eu sou louco. Sou nada. Não rasgo dinheiro nem janto no banheiro. Sou
apaixonado. É diferente. Vivo sem limites como um maior abandonado. Se for
legal, vamos lá, vamos nessa. O resto? Não interessa, não quero saber. Aula,
trabalho, isso vem depois, é serviço obrigatório. Se não rolar o mais, viver
não terá o que nos satisfaz. Viver também é ser careta, cumprir horário, ganhar
dinheiro. Mas nada disso vale, se você não curtir, não tirar o pé do chão.
Ainda me acha louco? Tudo bem, eu aceito. Melhor loucura bem vivida do que a certeza
de nunca ter sido diferente.
Fria e virginal
Vem, se joga, tira a roupa e me devora.
Faz de mim seu vampiro, seu lobisomem faminto. Vem, me devora, me chama de mal
e se agarre aos meus pés. Quero sua boca em meu corpo, quero que seja a bruxa
dos meus contos. Vem, me enlaça, me amordaça, escraviza meus espasmos, toma de
mim os orgasmos. Sei que quer, sei que gosta. Sua língua nos meus olhos, seus
dentes me mordendo com ódio. Você é minha berlinda, meu cadafalso, minha deusa
medieval. Quero ressonar e suar sangue na sua palma de cristal. Quero pegar
fogo, arder de enxofre por seu jogo. Vem, me maltrata a carne, tortura meus
ossos e infunda meus miolos. Quero sentir cólera doentia, prazer insano e
cruento. Quero rasgar a seda e sorver seu caldo. Quero meu corpo despedaçado,
quero minha garganta arranhando seus cabelos. Não demora, não me droga. Apenas
venha e me quebre contra a parede, a cama e os tijolos. Esse dia, essa explosão,
tudo é fruto e perversão, é toxina que forjamos com nossos óleos e faíscas. Vem
de nós, desse pantanal, o apocalipse, a indecência, a fome fria e virginal.
Papo com o Diabo
Um
drink para o Inferno? Hoje eu topo, hoje eu aceito. Descer ao solo maldito,
bater um papo com o Diabo. Rodar as mesas, quebrar garrafas, me meter em
encrencas. Se esquentar, tiro a camisa. Se esfriar, arranjo companhia. Aqui não
é brinquedo. Alguns sentem medo, outros se divertem. O negócio é entrar na
dança, ser criança e deixar rolar. O bicho pega e a farra come. Aqui, mulher
dos outros é souvenir. Traição? Ninguém esquenta com isso. Afinal, chifre na
cabeça e fogo no rabo são o que não faltam por aqui.
Já foi
Perdeu
seu tempo. Procurou nos lugares errados, nos idiomas que não falo. Eu estava
ali o tempo todo, só esperando um gesto, um recado. Mas você não percebeu. Você
quis mostrar para os outros, deixar impressões paralelas e não pensou no que
realmente queria. Suas lágrimas ao telefone me comovem, me arrancam o coração.
Mas agora não posso mais. Tenho uma família, pessoas que são minha nova vida.
Não posso largar para trás, deixar de lado. Agora já foi. Apenas fica a
lembrança de algo lindo e sincero que só aconteceu nos meus sonhos.
Aquele mesmo lugar
Quando
rola, é intenso e especial. Não tem explicação, é paranormal. Só com você me
sinto assim, tão feliz que até passo mal. Se fosse ciência, seria a fórmula do
nirvana, a cura do câncer terminal. Se eu soubesse decifrar o que sinto,
poderia proclamar meus sentimentos, entender o que se passa nos meus melhores
momentos. Mas tudo bem, não vou te forçar, não vou me viciar. Eu quero mais é
que seja esporádico, para não ficar normal, não ficar chato. Quando quiser me
procurar, saiba que não fugirei. Estarei esperando sempre naquele mesmo lugar.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Ao Engenheiro
Um engenheiro me avisou que a medida de amar é amar sem medida, que é inútil ter certeza, que talvez eu esteja correndo do lado errado. Esse engenheiro me deixou com ciúme porque disse, meu amor, que seus lábios são labirintos, que já te conhecia de outros carnavais, com outras fantasias. Ele mora longe, mas mandou carta para avisar que toda forma de poder é uma forma de morrer por nada, que tudo passa. Esse cara é foda, mesmo de longe fica mandando mensagens, como se fossem garrafas vazias ao mar. Ele disse que não chegou até aqui para desistir agora. Mas se você perguntar por ele, vão dizer que ele anda estranho. Cortou os cabelos, desfez a banda e pegou a estrada com outro cara. Ele agora se diz de poucas vogais, que foi sincero como não se pode ser. Ele diz que é um erro assim, tão vulgar, trocar vidas por diamantes, ser a banda de uma propaganda de refrigerantes. Hei, Engenheiro, eu também não esquento a cabeça, por mais que a gente cresça há sempre alguma coisa que a gente não consegue entender. Eu também não gosto de ver o meu rosto antes do anoitecer. Engenheiro, levamos uma vida que não nos leva a nada, levamos muito tempo pra descobrir, certo? É, rapá, sem você (é foda), aí você precisa de alguém que te dê segurança. Eu também. Engenheiro, pra ser sincero, não espero de você aperto de mãos nem que sejamos bons amigos. Olha, uma luz se apaga no prédio em frente ao meu, será que é ela? Talvez, aí me lembrei: "sempre em frente" foi o conselho que ela nos deu. Cara, quer saber? Que se foda. Afinal, há mais de mil destinos em cada esquina e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Então, Engenheiro, o que nos trouxe até aqui: medo ou coragem? Eu não sei, mas eu vou é viver à margem e correr na contramão. E, no fim, que a noite nos traga alívio imediato até porque não somos, meu amigo, nada mais do que frágeis testemunhas de um crime sem perdão. Seríamos mesmo as testemunhas ou os suspeitos de um crime perfeito? Engenheiro, nem eu sei mais para onde ir, só quero que seja longe demais, longe demais das capitais. Isso eu sei porque, nessa cidade em chamas, as chances estão contra nós e sempre estarão. Mas eu não vou fraquejar. Sabe por quê? Porque minhas raízes estão no ar e minha casa é em qualquer lugar.
Amor demais
Ele dizia ser amor
demais. Amor demais para corresponder. Cada ligação ignorada, roubava dela uma
lágrima dorida. Cada encontro desmarcado, fazia dela um coração despedaçado.
Ela foi aprendendo a domar os sentimentos, a adestrar os instintos. Depois foi ela
quem ignorou, quem desmarcou. Ele surpreendeu-se, foi dominado quando achava
que era rei. E logo ela encontrou onde exercer o tal amor, onde encontrar
correspondência. Ele agora lembra, triste, dos dias em que amor lhe era tanto
que parecia sufocar; hoje, ele chora por não ter a quem amar.
Foice dos pecados
Quero gozar do seu
sabor, lamber as suas lágrimas e chupar o sangue do seu mal. Seus beijos são
meu eclipse, minha paixão imoral. Ser seu vampiro e carrapato, é como ter a
foice dos pecados. A eternidade é toda nossa e Lua espera por nós. De lá,
faremos um balneário que é só nosso, todo seu. Posso voltar às origens, mas
igual a você não tem igual. Talvez seja blasfêmia, eu nem sei. Juro que poderia
ser um santo, bondade-luz, se você assim me quisesse. Mas quiseram por nós e
somos do mal. Venha comigo, esta sombra que abrigo é tudo que desta noite
precisamos. Vamos percorrer as esquinas, vamos abrir as feridas. Neste mundo,
ainda muito temos a corromper.
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